sábado, 17 de outubro de 2009

Boa Noite e Boa Sorte

(Good Night, And Good Luck, de George Clooney)
É um PUTA filme. 6 indicações ao Oscar mais do que merecidas, fato. Embora, à primeira vista, o filme possa te intimidar (preto e branco, anos 50, política, drama e George Clooney de óculos: ou seja, combinação perfeita pra assustar a grande maioria), "Good Night and Good Luck" tem o timing perfeito e passa longe de ser o tipo de filme "chato".



Ele é um filme pesado, verdade. Vomita informações em cima do espectador num ritmo frenééético e pode causar alguma confusão, principalmente no início, na hora de diferenciar um personagem do outro - ainda mais se você for meio dislexa como eu. - por causa do black&white e dos atores com roupas iguais. Apesar disso, não é nem um pouco difícil de compreender, nem cansativo. Como eu disse, é um filme pesado: ou seja, é um filme pra se ver acordado, prestando atenção e digerindo todas as informações, todas as ideias.

Vamos a história: tem esse jornalista, o Murrow, que nos anos 50 inventou de criticar um senador, o McCarthy. (Contextualizando: esse senador foi o que ficou conhecido pelo "caça-às-bruxas", que, era mais ou menos como chamar de comunistaFDP todo mundo que discordasse dele, processar os loucos e destruir a vida deles, sem provas, sem nada. MASOMENOS como acontecia na ditadura, sacas?) Eaí esse apresentador, o Murrow, visão política e talz, afronta o senador, coisa que ninguém fazia porque tinha medo.

A maravilha mór do filme, no entanto, não é nem os atores (que são e ESTÃO espetaculares: George Clooney de óclinhos, desempenhando seu papel secundário na medida certa, sem roubar a cena, sem passar despercebido e, o mais importante, não sendo o Clooney-galã de sempre; David Strathairn [o Murrow], que eu nunca tinha ouvido falar mas que fez "Um Beijo Roubado" ficou perfeito demás, ficou sério e impactante e com uma cara de jornalistaoi?), nem a fotografia (sim, o filme é em preto e branco sim. juro que comecei a ver pensando "porque será que fizeram isso? pra ser diferente? aposto que ficaria melhor colorido" e, pasmem, ao chegar no final NÃO TEM COMO imaginar ele diferente, com outras cores, o cinza vestiu a imagem perfeitamente, encaixando uma cena em outra e não causando um impacto no andar do filme ao passar das partes "cinematográficas" pras partes que parecem "reais"), nem a trilha sonora (composta principalmente por músicas de Jazz, mas que desempenha um papel no filme que transcende o do som. as músicas, aqui, preenchem os espaços entre um momento e outro, te dando tempo pra refletir e assimilar as informações. MAIS! a letra das músicas, em si, tornam-se um material pra reflexão*), o que é a MARAVILHAMÓR mesmo é a maneira como uma situação dos anos 50 se encaixa tão perfeitamente nos dias atuais, e os artíficios que foram usados pra demonstrar isso.
O filme, focando um caso específico com personagens únicos que aconteceu há mais de meio século, e complementado com um discurso feito pelo Murrow, sem propôr descaradamente a reflexão NOS LEVA A REFLETIR, óbvio, sobre o papel que a mídia exerce sobre a sociedade. Sobre o papel que a gente exerce sobre a mídia. Qual o tamanho do nosso poder? Como as palavras, quando jogadas nos meios de comunicação, deixam de ser somente palavras pra virar verdades incontestáveis. Os diferentes pontos-de-vista que um mesmo fato tem, dependendo de quem o escreve.




E dá pra ir além... por que essa mania de todo mundo odiar a televisão? De repente, assistir TV é sinal de alienação, quem gosta de Jornal Nacional é ignorante sem senso de política, a TV virou um monstro, comedor de cérebros. Por quê? Não vou responder isso com o que eu penso, não aqui e não agora, mas vou deixar uma frase (do Murrow, retirada do filme né. dã) que, quando ouvi pensei: gentem,mó cara de frase que vaiproperfildoorkut! mas que, né,enfim:

"a televisão pode ensinar, pode esclarecer e pode, sim, inspirar. mas só será capaz de fazer isso se os homens a utilizarem para tais fins, se não será apenas um instrumento com lâmpadas e cabos em uma caixa."


* reflexão: lembram aquelas músicas do Chico Buarque, em que ele faz trocadilhos com nome de copos ("Cálice") e desilusões amorosas pra falar da Ditadura.

dica: a coletânea "O Político", do Chico Buarque; a trilha sonora de "Good Night, and Good Luck", jazz perfeito na voz de Diane Reeves;

sobre Café com Mel e com Leite

primeiramente, essa pode parecer uma receita meio estranha, eu sei, mas eu garanto que não é. se você tiver a mente aberta, vai achar, no mínimo, interessante. talvez até venha a gostar... a intenção é que seja doce e divertido. que arranque alguns sorrisos.
assim como jogar mel em alimentos inusitados, esse blog é a combinação de várias coisas que, a princípio não combinariam: política e moda, bom humor e filmes suecos, linguagem vIrTUaLLLL e dissertações. portanto, se você se sente incomodado com essas letras minúsculas depois de um ponto final, com a confusão de pensamentos, ideias, exemplos, adjetivos, advérbios, complementos nominais, palavras, assuntos, cores, ideias, idéias e outros pensamentos, é bem provável que não venha a gostar daqui e talz. mas, tanto faz, tanto faz.
como eu disse aqui em cima e ali do lado, a intenção é que esse seja um blog colorido sobre qualquer coisa. espero que seja, também, um pouco diferente =)

Lucy (oi,esseémeuorkut :D )
(oi,esseémeutwitter)
(oi,esseémeublogbranco)