domingo, 28 de março de 2010

O Sequestro do Metrô 123

(The Taking of Pelham 123, de Tony Scott)


Então, minha gente. Todo mundo sabe que eu tenho um gosto chinelão pra filmes. Contudo, eu tento sempre fazer jus àqueles que tem bom gosto e apreciam as verdadeiras obras de arte. Agora, sei lá, "O Sequestro do Metrô 123" é ruim demais,porra. Sabe quando o filme termina e tu fica TRISTE por ter assistido algo tão ruinzinho? :/ poizé. fiquei triste, meo. aliás, estou deprimida até agora. xD
O filme foi dirigido por Tony Scott (que fez "Chamas da Vingança", "Domino" e "Déjà Vu") e ele é, tipo assim, o cara que faz os filmes que eu E minha mãe gostamos. Acreditem, é difícil achar um filme que tanto eu (a garota das comédias românticas bobinhas e alternativas) quanto mamis (que só assiste filmes policiais, de suspense ou com o George Clooney) gostemos. "Déjà Vu" foi um dos melhores thrillers (???) que eu vi nos últimos tempos, e eu tinha ficado superduper empolgada com o filme do Metrô e aí... pééén. RUIM,RUIM,RUIM. Deveria ter uma sirene grudada na capa do DVD que berrasse isso quando alguém tocasse nele.
As cenas do início ficaram bonitas (oi?), tipo: o casal adolescente ouvindo música total alienados enquanto o metrô passa rapidão por trás deles; a mistura de câmera lenta com o movimento dos trens e talz. Pôw, eu curti. E só também.
A história é sobre um cara (John Travolta) e outros caras que sequestram um metrô -duh. Aí, o Denzel Washington é, por acaso do destino, o cara que está controlando aquela plataforma e consequentemente fica em contato com o assassino por um radiozinho. Aí tem toda a história previsível, os diálogos chatos, o Denzel interpretando o mesmo personagem que ele sempre interpreta - o malandrão que salva NY -, o John Travolta mais gordo/feio/chato do que nunca, um suspense mastigado e vomitado na tela de quem assiste pra garantir que todos entendam tudo direitinho e não restem dúvidas no final, e - TÃN,TÃN - um final completamente ridículo e, porra, nada a ver sabe.
No fimdascontas, acontece o seguinte: a vida é curta e efêmera. Devemos aproveitar cada precioso minuto dela. Tipoque, não vale a pena gastar 2 horas da nossa vida preciosa, cara e finita assistindo a coisas porcarias como "O Sequestro do Metrô...". Tomem café. Leiam um livro.
By the way, tô pensando agora se o tempo que eu gastei falando mal desse filme também foi um desperdício ou se foi uma boa ação que vai fazer com que milhares de pessoas economizem 110 minutos de suas vidas e sejam felizes pra sempre. Nhé.

terça-feira, 23 de março de 2010

Educação

(An Education, de Lone Scherfig)

Tem filme que eu já sei que eu vou gostar, mesmo antes de tê-los visto. "Educação" já era um deles. Eaí, quando eu vou com essa certeza - que é diferente de expectativa - tipoassim, o troço tem que ser muito ruim pra avacalhar com tudo. "Educação" tem tudo aquilo que eu mais gosto nos filmes: romance, atrizes bonitas, diálogos inteligentes, momentos engraçados, romance; Carey Mulligan é Jenny (voilà, meu nome preferido pra escrever romancezinhos), uma das melhores alunas da sua classe, em plenos anos 60. O plano é que ela vá para Oxford. Mas aí ela conhece David, um cara mais velho, simpático e amante da diversão. Paremos por aqui.
Minha primeira surpresa: eu podia JURAR que David era o professor ._.' nolosé, andei confundindo sinopses,só pode.
Então, minha segunda surpresa: percebo, no meio do filme, que me falaram o Sr.Spoiler, dias antes. (Não lembro quem, mas assim que eu descobrir MATO.)
Eaí eu já fiquei meio putatriste, porque, poxa, eu tava muito pilhada pra ver esse filme e de repente, aos 15 minutos, eu percebo que, de algum modo, já sei o final. fiqueidecara. Agora, deixando de lado as reclamações Lucy, "Educação" é um ÓTIMO filme. Pra quem gosta de bons romances, acho que esse ficou na medida perfeita. Não é meloso demais, não é triste demais, não é cutie demais. Perfeito - tudo na medida certa.



Eaí, eu notei alguma coisa diferente na história. Os personagens. Eles são ótimos. Mais do que isso: eles realmente existem no filme. Diferente do que às vezes acontece, em que se tem uma ótima história e vários personagens flutuando dentro dela, em "Educação" se tem bons personagens tecendo a história plano a plano, cena a cena. Ok, a Jenny e o Dennis são o casal chave. Mas a família de Jenny, os amigos de Denis, as amigas, o garoto, a professora, a diretora do colégio... todos eles constituem o filme tão plenamente, as atitudes, os gestos transformam meros coadjuvantes em peças indispensáveis pra história.
E então, se à primeira vista eu me apaixonei por "Educação" por causa da história de amor bonitinha do casal protagonista, ao fim do filme, a vida da professora e do outro casal já tinham me conquistado. "Educação" fala de um jeito muito sublime sobre a fragilidade (de tudo): das relações pessoais, dos sonhos, da família, do amor, da juventude. [bytheway, assunto bem conveniente pra esse momento].
Ah, e as músicas são lindas. A imagem do filme é linda. E, vamlá, alguns momentos são TÃO LINDOS. Confesso que se eu tivesse um TOP 10 de Melhores Primeiros Encontros o de "An Education" já estaria na minha lista. A Jenny linda, no meio da tempestade, carregando o celo e caminhando ao lado do homem-estranho-no-carro-bonito. muitomágico.

"Educação" concorreu ao Oscar 2010 por: Melhor Atriz (Carey Mulligan), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme, mánonganhonada.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Coraline e o Mundo Secreto

(Coraline, de Henry Selick)

"Coraline" é mágico. Acho que essa é a palavra mais próxima daquilo que se sente quando se vê o filme, embora ela não corresponda nem a um décimo da real sensação. É lindo, tudo no filme é lindo. Coraline é linda, os cenários são inacreditáveis, magníficos, são... são... PRECISAM ser vistos. É como se desde a primeira cena seus olhos ficassem presos à tela, como quando a gente é criancinha e fica todo encantado com um filme. "Coraline" é assim: faz você se sentir meio criancinha.
Baseado na obra de Neil Gaiman - o cara louco das histórias em quadrinhos - e do mesmo diretor de "O Estranho Mundo de Jack", "Coraline" é meio que uma história de terror para crianças. É exatamente o tipo de filme que eu teria medo de assistir nos meus sete anos. Admito, eu gostaria muito de ter ido ver no cinema. E, agora que eu descobri a tecnologia em Blue-Ray, quero ainda mais ver de novo.
O filme ele é perfeito em todos os aspectos. A história é totalmente criativa e inovadora (apesar de alguns elementos serem identificados em outros filmes do gênero de fantasia). Muita coisa me lembrou, também, Tim Burton (né), embora os personagens de "Coraline" sejam bem mais... er... bem menos cadavéricos (com exceções).

Então, a história: Coraline é uma garota de cabelo azul (dublada pela Dakota Fanning ♥) que se muda com os pais para uma casa grande e velha. Lá, ela descobre uma passagem secreta para um outro mundo. E aí começam algumas comparações com "O Labirinto do Fauno", "A Viagem de Chihiro", etc. Mas não tem nada a ver e nem adianta querer comparar pq é diferente e deu u.u'
Além da história e dos personagens serem ÓTIMOS, além do filme ter momentos muito engraçados - equilibrados com outros mais sombrios e até, de certo modo, tristonhos - e completando a produção, temos que a trilha sonora é fantástica e, nunca é demais ressaltar, todo o universo, todos os cenários criados para o filme são simplesmente inacreditáveis. Acho que é a coisa mais linda que eu vi no cinema - arrisco dizer, tão lindo quanto o universo de Avatar (meuxodó) [o que só me deixa ainda mais deprimida por não ter visto "Coraline" no cinema]. A diferença, no filme, entre o universo real e o outro universo é genial - ok, ela é meio óbvia, mas mesmo assim, é genial. O outro jardim, então, não tem palavras pra descrever como é lindo. E aí, quando você pára no meio do filme, e no meio de todo o deslumbramento, pra pensar um pouquinho e se dá conta de que é uma animação em stop motion - ou seja, tudo, TUDO foi feito de massinha de modelar (ou algum material parecido) e fotografado. Dá vontade de chorar,ok. Cada movimento de cada bonequinho, cada galho de árvore foi desenhado e projetado, cada detalhe - e "Coraline" tem MUITOS DETALHES MESMOS -, o movimento da sobrancelha da garota, tudo feito com os bonequinhos e fotografado. Desabafo, aqui, o desespero e a tristeza e o desespero que tomaram conta do meu ser quando eu parei pra pensar sobre isso. Pronto.

Voltando ao filme: vejam. Vejam,vejam,vejam! Várias vezes. Dêem pros seus irmãos menores vêem - e tirem eles da frente daquelas porcarias que passam na TV. "Coraline" é uma animação - dã - mas é TÃO MAIS do que isso. É arte. É magia. Desculpem a falta de um vocabulário mais variado pra convencê-los de que o filme é realmente bom, mas é que ele é.
O único pecado - e aqui eu vou falar uma coisa que eu quase nunca falo - é que "Coraline" é curto demais. Eu queria pelo menos uma hora a mais daquele universo estonteante na minha frente. As cenas de ação, por assim dizer, acabaram sendo muito rápidas, não deu pra desenvolver elas como eu acho que deveriam ter sido desenvolvidas. Isso não chega a atrapalhar todo o resto da perfeição, mas parece que pula e aumenta muito o ritmo do filme, não dando tempo pros espectadores mais lentos (eu) apreciarem por completo esse final.

Aí, por fim, dando uma de conservadora (e vocês bem sabem o quanto eu amo computadores e tecnologias e 3Ds e mundos irreais), "Coraline" é cheio de uma arte, de um capricho, de um jeitomágicodeser e eu duvido que pudesse ser feito no computador. Tem alguma coisa de humano no filme, seilá, talvez seja a paixão de toda aquela gente que passou dois anos mexendo bonequinhos e tirando fotos. Acho que é isso. "Coraline" é mágico, cheio de paixão e completamente apaixonante.

sábado, 13 de março de 2010

Toy Story 2

(Toy Story 2, de John Lasseter)

Fui ver no cinema em 3D. Assim, uma das melhores experiências cinematográficas. Não tanto pelo 3D, que é bem imperceptível, confesso. Mas porque... poxa. Toy Story é o filme da minha infância. E assisti-lo assim, 10 anos depois, foi simplesmente INCRÍVEL. Não é à toa que a Pixar tem todo esse respeito. O desenho é tão... genial.
Eu confirmei aquilo que já sabia de "Toy Story" (não por ter assistido com 7 anos de idade, mas enfim, por saber): é uma ótima animação. Tem os bonecos (dã) e todo aquele lance dos brinquedos que ganham vida quando não tem nenhum ser humano por perto. E o lance da animação computadorizada continua sendo tão... novo (mesmo depois de todas as animações fuckerizadas e "Avatar"). Ah, sei lá, nostalgia mór.
E eu percebi algo novo: gentem, Toy Story é MUITO ENGRAÇADO. Ok, que eu sou meio retardada e que tinha só eu e um tiozinho de 50 anos dando gargalhadas no cinema, mas eu realmente achei engraçado. O que é o boneco do Imperador Zurg a là Darth Vader? E o dinossauro Rex? Ri mols (q-). Ah, e tem as ceninhas que passam durante os créditos - com os erros de gravação dos bonecos, as cenas "cortadas". Simplesmente genial e perfeito, uma oportunidade imperdível.





Saí do cinema muito alegre - adoro ir ver filme e me divertir - e com uma sensação terrível de pena por não ter ido assistir "Toy Story" no cinema, em cartaz durante a semana anterior. Agora, além disso, tô sentindo também um pouquinho de medo pelo que pode ser o terceiro da série, que vai ser lançado num futuro próximo.
Pixar, por favor, não nos decepcione.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Entre Irmãos

(Brothers, de Jim Sheridan)

Ir ao cinema e assistir a um filme ruim é muito, muito chato e eu odeio. Agora, pior do que isso, é ir ao cinema, assistir a um filme que tinha todo um esquema pra ser bom e consegue ferrar com tudo. Isso é "Entre Irmãos".
A história não é a coisa mais original do mundo, vamlá, acho que até na novela da Globo tem esse tipo de coisa: Sam (Tobey Maguire) é casado com Grace (a linda Natalie Portman). Aí o Sam vai pra guerra, "morre" e o irmão pródigo-que-todo-mundo-odeia Tommy (Jake Gyllenhaal, maislindodoquenunca♥) aproxima-se da cunhada viúva e das duas sobrinhas preenchendo o espaço deixado pelo irmão supostamente morto.

Eu achei todos eles ótimos. As garotinhas que fazem as filhas do casal estão perfeitas, a Natalie Portman interpreta uma mulher "normal" (ou seja, dessa vez, sem perucas cor de rosa ou assassinos mascarados para caracterizá-la) e mesmo assim não deixa margens para dúvidas ou besteirinhas quanto à sua capacidade, e Tobey Maguire faz cenas ótimas, dando realismo, tensão, ódio e todas as coisas necessárias à trajetória do Capitão Sam, passando pela transformação no melhor estilo Dr. Jekyll and Mr. Hyde contemporâneo.
Ok, é mais um filme "de guerra". Ok, é com o Homem-Aranha. Ok, é sobre o triângulo amoroso mais clichê ever (e, vamlá, meio cômico inclusive, levando em consideração que os dois atores namoraram a loirinha preferida Kirsten Dunst), mas, poxa, eu ADOOORO filmes assim: dramas clichês, com cenas legais e tensas, com uma história de amor com personagens bonitos, e blablabla.
- você comeu a minha mulher? - dessa vez não.

E o filme ele vem muito bem até o começo do final  - muito bem meeesmo. Aí, de repente, todo o conflito anunciado pelo pôster e pelo trailer do tipo "tu comeu minha esposa, seu FDP????" é substituído (!) pelo problema psiquiátrico (q-) do Capitão Sam: o efeito da guerra na vida dos soldados. Sério, sou só eu? Porque EU NÃO AGUENTO MAIS ver filmes assim. Porra. Eu vô tri feliz pro cinema achando que vou ver o Jake-lindinho dando uns pega na Natalie Portman e eu tenho que ver o feio do Homem-Aranha pirando porque foi pro Afeganistão matar árabes????? WTF!!!! Esses americanos fdp deveriam tirar aquele bando de gente metida do Oriente Médio, nem que seja pra que se voltem a fazer roteiros sobre outros assuntos.
Resumindo: o "triângulo amoroso" não se concretiza, deixando aquela sensação de 'hm, tá faltando alguma coisa nesse filme'; e, óbvio, o final é uma droga. Se ainda poderia existir a possibilidade de salvar o que restou da história pós-retorno-do-Afeganistão *SPOILEEEEEEEER* essa possibilidade deixa de existir quando o Capitão Sam abaixa a arma e é preso e levado pra um hospício (?) e a Natalie Portman passa o resto da vida indo visitá-lo lá. Ah, e o Tommy (o irmão bonito)... tipo, desaparece.
Aí podem me dizer que foi um final criativo, fugiu do lugar comum, exemplo do amor verdadeiro que a mocinha sentia pelo marido... não quero nem saber. Às favas tudo isso. Deveria ter ficado em casa vendo Globonews.
Jake Gyllenhaal brincando com as criancinhas *-* e não me aparece um marido assim,voteconta

Só me resta, agora, aguardar ansiosamente por "Educação", rezando, claro, pra que ele não me decepcione =(

sexta-feira, 5 de março de 2010

Preciosa - Uma História de Esperança

(Precious: Based on the Novel Push by Sapphire, de Lee Daniels)

Sobre "Preciosa" eu vou falar duas coisas.
Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Gabourey Sidibe), Melhor Atriz Coadjuvante (Mo'Nique), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição. O elenco do filme é bem feminino e todo ele está MA-RA-VI-LHO-SO. Todos. Desde as indicadas ao Oscar aí em cima (que, confesso, eu ficaria bem alegrezinha se ganhassem) até as coadjuvantes colegas da protagonista, passando por uma professora linda e simpatissíssima, e pela assistente social interpretada por uma Mariah Carey que não parece a Mariah Carey. Impecável. A história, caso alguém ainda não saiba, é um tanto quanto pesada. Assim, sabe quando você tá pegando o leite na geladeira e ele cai da sua mão e suja toda a cozinha de leite? Aí você amaldiçoa meio mundo, porque você tem prova no dia seguinte e precisa estudar para a prova e agora vai ter que limpar o leite que derramou. Então, depois de assistir "Preciosa" você vai pensar sete vezes antes de reclamar de qualquer coisa. A impressão inicial é que Claireece (a Precious) é uma adolescente com quem tudo deu errado. Tudo, sem exceção. A vida dela é horrível, todas as desgraças que poderiam cair em cima de alguém, caíram nela [não é exatamente assim, mas essa é a impressão que fica]. O filme é triste - dã - mas eu não me debulhei em lágrimas como algumas pessoas falaram que iria acontecer. Ele só é meio difícil de digerir.
O que eu vou falar agora não é nenhuma novidade, mas né. "Preciosa" faz olharmos pra nossa vida de um outro ângulo. Eu saí da sala de cinema verdadeiramente transformada pelo filme. Não faz sentido resmungar do elevador que não chega nunca depois do filme. E se fizer é por que você é uma ameba em forma de gente, ok. Deixando de lado a parte mágica do filme de mudar a vida do espectador - e, na minha opinião, a mais importante - e falando brevemente sobre a produção. O filme é ótimo. A história não cansa em momento algum, mantendo a gente preso nela até mesmo quando não queremos. Como eu já disse, mas acho válido repetir, as atrizes estão perfeitas; o Lenny Krevitz sem peruca (q-?) e perdido ali no meio também ficou sensacional; as cenas em que vemos os "sonhos" de Precious ficaram LINDAS - e o modo como esse artifício foi usado, primordial. Ah, e eu amei o cachecol vermelho. A respeito do final - bizarramente - ainda não tenho uma opinião formada. Eu já sei que não achei ele ruim. O fato é que o final do filme não deve ser visto como o fim. Fazendo um trocadilho mais do que besta com o título traduzido, é uma história de esperança. E acho que esse é o final. Gostei.

obs: falei mais que duas coisas ._.' enfim, era pra ser 1) as atrizes; 2) life's changing movie

Entre os Muros da Escola

(Entre les Murs, de Laurent Cantet)



Acho que hoje, pela primeira vez, eu entendi toda a sensação em rever filmes, o que é completamente diferente de ver de novo. Rever implica não só em assistir novamente, mas também em repensar, absorver coisas novas e, quem sabe, até sentir algo diferente. Rever "Entre os Muros da Escola" foi uma experiência muito diferente de simplesmente assistir aquela minha comédia romântica favorita pela décima. Foi como olhar pra dentro e rever eu mesma.
"Entre les Murs" foi um dos poucos filmes que eu vi ano passado. E, engraçado, lembro de tê-lo assistido também em março, no início das aulas. Hoje, por coincidência (ou não), eu passava os canais até chegar no VH1 quando vi que ele tinha recém começado no Telecine. A ideia era assistir só um pedacinho, afinal de contas, eu já havia visto aquele filme, o tempo é curto e eu tenho zilhões de coisas pra ler, ver, escrever, pirar. Só que aí eu comecei a assistir, lembrar de algumas cenas e - aí o lance mais incrível - me dar conta de detalhes e de conceitos centrais que eu não tinha nem reparado um ano atrás. 
Resumindo bastante, o filme é uma espécie de documentário-ficcional (oi?) sobre as aulas de Francês em um colégio da França. Acompanhamos as aulas, os diálogos e os conflitos de uma turma e do professor (François Marin) em questão. O filme é, assim, genial. Isso eu já tinha achado da outra vez. Dessa, mantenho minha opinião e ratifico: ele é muito genial.
Como eu disse, percebi aspectos que antes tinham sido simplesmente ignorados.
Os personagens são incrivelmente bem construídos. Todos eles. O professor, digamos assim "o protagonista", é tão humano que em alguns momentos chega a dar raiva. Poderiam ter caído no clichê de desenhar o "professor" perfeito e, confesso, durante alguns momentos do filme eu achei que François o fosse. A aula dele é, talvez, aquela que muitos (lê-se: Lucy) na oitava série tenham desejado ter: ele transcende os aspectos da matéria e dialoga com os alunos, filosofa, contesta. A aula é dinâmica, discute-se, participa-se. Isso tudo, claro, guardadas as proporções em uma turma de seus vinte e tantos estudantes adolescentes e toda a bagunça inerente a uma aula menos ortodoxa. Ele é o professor que, na reunião, não concorda em punir os alunos, que procura outros métodos de ensino. Que propõem trabalhos diferentes, como a confecção de um "auto-retrato". Acontece que, quando se vê o filme pela segunda vez, percebe-se que ele também é o cara que não consegue controlar a turma; que grita quando inicia um diálogo mais difícil com algum aluno; que abandona, que perde a esperança; que, em momentos mais difíceis, não consegue controlar a si mesmo. François é um personagem real, com as qualidades e os defeitos, e estão todos eles ali, na tela, completamente explícitos, assim como os outros personagens. Temos a garota mais "rebelde", a que desrespeita, a mal-educada, aquela que dá a impressão de ignorar tudo e todos durante o filme, mas que, de repente, revela-se alguém que se importa - embora não com as coisas de "dentro dos muros". Tem o garoto problemático, aquele que não controla a própria raiva, que briga, que senta no fundo e passa a maior parte do tempo na diretoria, mas que, contudo, é também o garoto que faz o melhor trabalho - e o mais criativo - quando lhe dão uma oportunidade diferente. E tem a aluna que "muda", que discute com o professor e a barreira erguida entre os dois - e o modo como esse muro vai sendo desmanchado ao decorrer do ano letivo. Esses não são os únicos personagens, mas eu vou parar por aqui.

O filme que eu assisti em março de 2009, aquele "Entre les Murs" deveria ser exatamente o mesmo de agora. Mas, por sorte, não é. Filosofias a parte, a Lucy mudou um pouquinho nesse um ano. E eu acredito, sinceramente, que todos os meus erros, defeitos, tropeços, todas minhas idiotices, reflexões, conversas, que todo o meu amor, tenham me mudado pra melhor. Acredito, enfim, que esse um ano de espaço - e tudo o que aconteceu nele -  tenham me feito perceber mais nitidamente esse filme, que é o retrato de um relacionamento tão singular (entre aquele professor e aqueles alunos) e tão distante fisicamente, mas ao mesmo tempo tão próximo em sensação.
Acho que é isso que significa, pelo menos pra mim, rever um filme. É, ao assisti-lo pela segunda vez, se dar conta de que o filme mudou porque o dono cujos olhos miram a tela já não é mais o mesmo.

O Segredo dos Seus Olhos

(El Secreto de Sus Ojos, de Juan José Campanella)


Depois de alguns dias (que mais pareceram uma eternidade), fui ao cinema. Assisti "O Mensageiro" e, logo depois, com o filme ainda meio entalado, fui ver "O Segredo dos Seus Olhos", que concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Sobre isso, 5 coisas.

1) Vi o trailer do meu mais-novo-filme-preferido. Do mesmo roteirista de "Alta Fidelidade" e "O Grande Garoto", vai estreiar (sim,sim,sim*-*) "Educação". Eu já sabia que estava concorrendo ao Oscar, eu daria um dedão pra ver. É tipo, Laís nos anos 60 [perfeito!] (ninguém vai entender isso, anyway). E como eu sou uma pseudo-cinéfila-relapsa, não sabia se já tinha sido lançado no cinema, quando iria sair em DVD, etc. Agora, thankgod, semana que vem estarei vendo a lindinha Carey Mulligan, toda rebelde e apaixonada. Então, mesmo se "O Segredo dos Seus Olhos" fosse uma porcaria, eu já estava feliz com meus cinco reais gastos. [BTW, não é uma porcaria].

2) Sim, o filme em questão. "O Segredo dos Seus Olhos" me surpreendeu - mais de uma vez. Eu sabia que era um filme em espanhol sobre um cara aposentado que escreve um livro [Lucy relapsa II]. E aí tem ele velho  e ele jovem e, OMG, um crime! E um mistério. E uma história de amor. E um personagem no maior estilo Woody Allen (oi?). E é bom,bom,bom³.

3) Eu ri. Várias vezes e muito. O filme é engraçado. Não engraçado ridículo, engraçado tipo capaz de fazer a Lucy dar gargalhadas - podem crer, isso é bem mais difícil do que fazer eu me afogar em lágrimas. Algumas cenas descontraem total e, sem forçar, temos personagens engraçadíssimos combinados com diálogos hilários.

4) A cena do estádio. Foda.

5) Amei a "história dentro da história". Ficou lindo e ficou na medida certa. As cenas do início; o trem, a janela, o toque à la Almodovar; o sorriso, o chá com mel e limão, o sol; Todas elas lindas.

A história é intrigante, mas sem aquele monte de correria e ritmos loucos instrumentais com os quais estamos acostumados nos filmes americanos. "O Segredo dos Seus Olhos" se sobressai e, creio eu, vai ser lembrado. Pelos personagens que vão sendo revelados aos poucos durante o filme, pelo jeito cômico do assistente atender o telefone e, principalmente, pelo final e todas as discussões filosóficas que ele pode gerar. Impossível terminar esse filme de outro jeito. Genial.
Ah, e é estranho notar como ele caminha de um extremo ao outro [o filme, não o final]. Vai da comédia ultra risível até o drama que dói no estômago sem se estragar e sem dispersar quem assiste.
Um dos mais ótimos que eu assisti ultimamente.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Mensageiro

(The Messenger, de Oren Moverman)


Indicado ao Oscar nas categorias de Roteiro Original e Ator Coadjuvante (Woody Harelson), "O Mensageiro" é mais um filme de guerra. Não que ele seja só isso, nem que se passe durante algum combate, mas, mesmo implícita, ela está ali. É a 3ª personagem da trama ao lado do Sgt. Montgomery e do Capitão Tony Stone.
La trama: O Sgt. Montgomery, após se machucar na guerra, recebe o trabalho de comunicar os familiares dos soldados mortos. O filme retrata, basicamente isso, do início ao fim.
É um bom drama, sem ser (muito) exagerado. Tem todos aqueles personagens problemáticos, seus conflitos e traumas. Só que, dessa vez, eles são soldados. E aí, em cima de todo aquele mundo de crises psicológicas, tem uma capa de seriedade e retidão, como espera-se de um militar. Eis aqui nosso protagonista: quieto, sério, contigo. Acompanhamos ele durante duas horas nessa sua nova "missão" e, por conta disso, somos levados para dentro das casas, das famílias norte-americanas, presenciamos seu desmoronamento e, de canto, temos o sofrimento de cada pessoa esfregado na nossa cara ao receber a notícia de que seu filho, seu marido, está morto.

Duas coisas que me chamaram a atenção no trabalho do Mensageiro. Uma delas, mais a ver com a história em si, é sobre o modo que a notificação é dada. A sobreposição de vozes, choros e gritos. Os militares ali exercendo aquela função tão necessariamente humana e agindo quase como robôs. Simplesmente iniciam o discurso de praxe, sem o menor contato com o interlocutor. Eles parecem máquinas, vomitando palavras vazias enquanto os familiares caem aos prantos. Nem mesmo quando alguém parte para a violência parece haver qualquer tipo de reação. Tudo muito automático. E aí, lembrei de um outro filme (ok, reconhecimento: quem deu a dica foram os irmãos do Pipocas) no qual, guardadas todas as diferenças, também fala sobre alguém que precisa aprender um trabalho no qual tem de dar notícias ruins para as pessoas e a necessidade, maior do que nunca, de ser humano em momentos assim. Um computador jamais poderia anunciar para uma mãe que seu filho não vai voltar para casa, uma máquina não pode te abraçar e dizer que "tudo vai dar certo" e, nesses aspectos, os soldados do filme são quase dois hardwares.
O outro aspecto das "mensagens", aí mais técnico, é como a filmagem aparenta, em alguns momentos, o estilo "documentário", literalmente invadindo porta a dentro as salas de estar, super "Extreme Makeover". Eu, particularmente, tenho minhas rixas com esse tipo de recurso, mas serviu muito bem no filme, não só aproximando o espectador daquelas gentes, como também revelando a distância entre elas e os militares.
No mais - e aí traçando um paralelo com outro filme de guerra um pouco mais badalado - temos a cena na cozinha, na qual Montgomery trava um dos principais diálogos com uma personagem. Nas palavras deles acabam dizendo exatamente a mesma coisa que "Guerra ao Terror", da Bigelow: como a guerra vicia, como ela muda as pessoas e como destrói milhões de vidas. (Gosto de acreditar que essa onda de filmes guerra-trauma-destruição-caos são um reflexo do que o povo americano sente em relação aos conflitos mundiais envolvendo sua nação, ma né. Sou uma otimista).
No mais, tem a ótima atuação do Ben Foster (A-DO-REI a cena do telefonema/carta); o sempre com cara de louco-assassino-por-natureza Woody Harrelson, verygood; e, só pra não fugir do costume, um final bem meia-boca, nhé.

Obs: eu tinha planejado começar isso aqui com uma frase genial (modéstia parte), mas acabei esquecendo de fazê-lo. Por isso vou terminar com ela.

Em outro momento eu classificaria "O Mensageiro" como um drama pesado. Acontece que depois de assistir "A Fita Branca" vai ser bem difícil usar esse adjetivo com qualquer outro filme. Fica então que "O Mensageiro" é denso, mas não é capaz de afundar ninguém.