domingo, 28 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1

(Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1, de David Yates)



Harry Potter (e aqui me refiro a todos os 7 filmes) não é exatamente aquilo que os críticos cultos e que entendem de cinema chamariam de "um bom filme". Nem os livros, "bons livros". E, como todo mundo sabe, a grande massa humana do universo na maioria das vezes não dá a mínima bola pros críticos cultos e continua gerando pra indústria cinematográfica bilhões de dólares. O que é simplesmente GENIAL.
A história criada por Rowling há mais de dez anos conquistou toda uma geração de novos leitores que, com seus 11 e 12 anos (ou 20, ou 30...) descobriram um mundo novo, cheio de magia, de aventura e de personagens como eles. Ou melhor, como eu. E o que realmente importa aqui não é criticar a qualidade do produto em termos técnicos e de linguagem cinematográfica, mas sim admitir que, poxa, uma história que teve tanto significado na minha pré-adolescência e me fez sentir tanta coisa não pode ser analisada como qualquer outra. Ela está num patamar superior, o patamar da emoção, da minha memória pessoal. Simplesmente por existir ela já se torna melhor que as outras. "It's only natural".

A tarefa de levar pra tela de cinema os livros mágicos de J.K.Rowling passou pelas mãos de vários diretores ao longo dessa década. Chris Columbus, Alfonso Cuarón, Mike Newell e, por fim, David Yates.
Columbus dirigiu os filmes que, até então, vinham sendo os meus favoritos da série. A Pedra Filosofal e A Câmara Secreta, os primeiros, os mais infantis, os mais fiéis, enfim... foi o início - e, convenhamos, foi um ótimo início. Com O Prisioneiro de Azkaban a história já começou a mudar um pouco de cara. No livro começavam a surgir subtramas um pouco mais complexas. Esse terceiro, meu livro favorito, diga-se de passagem, foi o que eu tive mais expectativa pra ver no cinema. E todo mundo sabe que quando a gente cria muuuita expectativa pra alguma coisa o resultado nunca é suficientemente bom. Hoje, analisando com olhos de quem vê mais do que sente, é certo que o trabalho de Cuarón foi diferente, original e muito bem feito. A partir de O Cálice de Fogo é que começou a perder a graça. O filme demorou muito pra sair, o quinto livro demorou muito pra sair, e quando chegaram até nós eu já não tinha toda aquela vontade. Quer dizer, a gente cresce. Com A Ordem da Fênix e com O Enigma do Príncipe, a mesma situação. A história começava a ficar muito mais densa e impossível de ser comprimida em duas horas e meia de filme. Muita informação, muito detalhe, muita história que ainda não tinha sendo contada.  E, por isso, muita coisa ficou de fora. E o que ficou de dentro ficou embolado, atropelado, num ritmo ruim.
Por isso que, quando fiquei sabendo do lançamento da primeira parte de As Relíquias da Morte eu já não esperava muita coisa. E aqui a recíproca é verdadeira: quando a gente não cria quase nenhuma expectativa, tudo fica um pouco melhor. E a primeira parte do último filme ficou muito, mas muito melhor.
Tudo acontece no tempo certo. Os planos gerais, com algumas exceções, são lindos. As luzes e as cores são sombrias na medida certa. Um roteirista com um pouco mais de "tempo-espaço" pra adaptar uma história, cria em cima dela - e Steve Kloves criou coisas lindas.
O sétimo filme parece misturar todos os ingredientes na medida certa: o humor, o medo, o suspense, a diversão, o romance... tudo está ali, e está na quantidade e no lugar certo. Às vezes, algumas licenças criativas que dão vida aos meus momentos favoritos do filme - como a cena da dança, ou a sequência do conto dos Três Irmãos. Outras vezes, simplesmente a adaptação "litetal" das palavras de Rowling, como a cena do elfo Dobby, na praia.

O que eu mais adoro é esse incrível poder que as histórias carregam, a capacidade de te fazer sentir e se emocionar como se estivesse dentro daquele universo. É clichê, mas né. É lindo do mesmo jeito. E ultimamente tem sido tão difícil ver algo que realmente te emocione, que te faça sorrir naturalmente, que aperte a garganta ou dê o nó na boca do estômago, que quando um filme faz isso ele já merece elogios. Te proporcionar tudo isso e, ainda, te fazer senitr como se você tivesse 12 anos e quisesse mais do que tudo viver dentro daquele universo, sério: não existe, em todo o mundo, estética ou linguagem que possa criticar racionalmente isso.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SALT

de Phillip Noyce

Angelina Jolie, tãolindaquantosempre, vestindo somente uma lingerie de rendinha, toda ensanguentada, jogada em uma sala escura e sendo espancada por norte-coreanos. Essa é a primeira cena de Salt. E, vamlá, sem hipocrisias, só isso já é motivo mais do que suficiente pra ir até a telona. Fantasias sexuais à parte, "Salt" é mais um filme de ação.
Com uma quantidade de produtores quase maior que o elenco -cofcof- entre eles alguns que assinaram filmes como "Transformers", Transformes 2, Transformes: a vingança dos rejeitados, Transformers,osrobôscontraatacam e todo o resto e com o roteirista de "Ultravioleta"(um filme que eu não quero ver), não poderíamos esperar muito mais do que um filme de ação, bem comercial, bem Hollywood séc.XXI. A sinopse: SALT (Jolie, semprelinda) é uma agente da CIA fugindo de muitos outros agentes da CIA e de muitos outros americanos que a acusam de ser uma infiltrada Russa que quer explodir o mundo.
Angelina Jolie faz tudo aquilo que já tinha feito em Tomb Raider, dessa vez usando uma franjinha bem cheerleader. Além disso, ela corre, pula, chuta, atira, mata, usaváriasmetralhadaoras, anda de moto, pula em caminhões em movimento, anda de metrô, corre, pula, atira, mata, explode, chuta, soca, faz uns passinhos de Le Parkour, chuta, soca, imobilizada, atira, explode, explode, chuta, soca... Tudo isso sendo perseguida por centenas de homens engravatados. Ah, e, óbvio, usando várias roupas estilosas e com cara de "oi,eusouumaespiã".
Nada disso, contudo, afetaofato de que ela é maravilhosa. Angelina Jolie ganhou meu coração ano passado com o drama "A Troca" e agora tudo que eu vejo com ela é um pouco mais lindo.
Repetindo pra deixar bem claro: "Salt" é um filme de ação. Quem não gosta desse gênero, nem adianta tentar absorver alguma coisa. Mas pra quem gosta é um prato cheio. Tem tudo aquilo que um ótimo filme de ação precisa ter (além das acrobacias que eu já citei ali em cima). "Salt" tem uma linda protagonista, uma montagem fácil e óbvia, um roteiro superficial e uma trilha sonora com todos os efeitos sonoros estrondosos prontos para acompanharem as explosões de carro - que são muitas. Poderia, confesso, ser meu mais novo filme preferido, desbancando o TOP1 desde 2008 "Transformers". Mas aí entra uma frase que meu grande amigo Rodrigo Peroni falou esses dias, a respeito de outro filme: "ele até seria 3 pipocas, mas aaaai, aquele final!". É, minhagente, aaaaai >.< o final. PQP. Digamos que ele é bem... surpreendente. Digamos assim, SURPREENDENTE DEMAIS. Digamos que Hollywood e toda sua indústria, no desespero de se manter em meio a crise cinematográfica pós-Avatar, não consegue mais sustentar nem ao menos o que poderia vir a ser um bom filme de ação.
E assim, nossos amigos norte-americanos torturam seus espectadores espancando eles e jogando-os para fora da sala de cinema. Ao invés de deixá-los sair comentando sobre as cenas estrondooosas que acabaram de ver, nossa indústria insiste em nos arrancar da frente da telona decepcionados, com aquela sensação de termos sido traídos pelo filme. Não fica nem a vontade de esperar 1 ano por "Salt  2 - A Vingança dos Comunistas". Fica mesmo a vontade de chegar logo em casa e tomar sopa. Uma pena =/

sábado, 12 de junho de 2010

Ana Beatriz

de Clarissa Cardoso


Em homenagem ao dia dos namorados (óóóun), fikdik de um curta-metragem bem comediazinha romântica sorridente. Ele tem só 9 minutos e é todo cutie.


enjoy aqui ;)

sábado, 5 de junho de 2010

O Céu que Nos Protege

(The Sheltering Sky, de Bernardo Bertolucci)

Depois de levar um xixi coletivo de um dos professores da Faculdade de Cinema, avacalhando conosco, alunos, por não irmos o bastante ao cinema/não vermos filmes/sermos alienados e bobocas, acabei na quinta-feira de noite, feriado, em plena Sala da Redenção, no Campus Central da UFRGS, vendo um filme do italiano aí de cima. O pessoal que gosta um pouquinho mais de cinema que a maioria, tá ligado em quem ele é. Bertolucci fez "Os Sonhadores" (todo cult, com o lindinho do Louis Garrel) e, mais antigamente, o beeeem famoso "O Último Tango em Paris".
Então, "O Céu que Nos Protege" é um teto. hehe xD. É o drama desse casal que viaja pra deserto do Sahara, visita/mora em várias cidadelas miseráveis daquela região e lá enfrentam conflitos no casamento e de ordem pessoal.
Não, digamosassimcomtodasinceridadade, o filme mais instigante do mundo. Mas, por ser do Bertolucci, vale a pena expandir os horizontes e assistir. A história é meio demorada. Em compensação, fazem algumas coisas mucholocas com a fotografia. Algumas cenas, por exemplo, parecem que foram coloridas com celofane, marcando o contraste entre a noite, o deserto e todo o calor daquela região.
Enfim, takealook ;)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um Olhar do Paraíso

(The Lovely Bones, de Peter Jackson)



Visto que eu tô sempre avacalhando com as traduções mal feitas pro português, acho justo comentar quando eu considero alguma coisa decentemente adaptada. Adaptada porque "Um Olhar do Paraíso" não é tradução pra "Lovely Bones": é adaptação. Pra quem não sabe lhufas de inglês, a tradução literal seria algo como "Ossos Amáveis". Aí eu me pergunto: quem, em são consciência, faz um livro e coloca o nome de "Ossos Amáveis"? Ou aí tem alguma reflexão/referência muito mais além da minha capacidade de interpretação, ou a criatura que escreveu  isso (Alice Sebold) simplesmente ignorou o fato do quão feio realmente é. E mais uma salva de palmas pro ótimo "Um Olhar do Paraíso" depois de descobrir que a tradução do título do livro - o filme é adaptação de um livro - é a seguinte: Um Vida Interrompida e com direito a subtítulo! Memórias De Um Anjo Assassinado. Faz sentido, mas né, descobri que não gosto desses slogans apelativos demais.
A sinopse, como já pode meio que ser adivinhada pelos títulos, é sobre uma garotinha de 14 anos, Susie, que é assassinada e vai pro céu, de onde narra a história da sua família e todo o resto. Lembro, então, de uma amiga que assistiu o filme comigo e não gostou muito. Quando eu perguntei o porque, a primeira resposta dela foi: "ah, eu não gostei que a garotinha morre". o_o.    okay. é mais ou menos como dizer que não gostou de Titanic porque o barco afunda. Não, melhor. Como dizer que não gostou de Harry Potter porque ele é um bruxo. Pode se ter todos os motivos pra não gostar de Harry Potter, mas esse simplesmente não é um argumento válido. A garota morre. Eis o filme.
Eu devo ter falado com pelo menos 5 pessoas sobre "Um Olhar do Paraíso" e o que eu percebi é que, aparentemente, só eu gostei realmente do filme. Certo, não é o meu preferido. Não foi tão perfeito quanto eu achei que seria. Não me emocionou tanto como Avatar (oi?poisé). Mas é um filme lindinho e bem "adorável" - pelo menos o quanto uma história sobre uma garota morta por um serial killer permite ser.
Tente ver de outro ângulo: é a história de uma garota vivendo a primeira paixão, com toda uma vida pela frente, com sonhos, com família, com amores. A personagem de Saoirse Ronan é tão cativante. Ela fotografa, é toda sonhadora, toda romântica - confissão: me identifiquei litros com ela. antes da morte, claro. E aí, de repente, ela não é mais. Puf. Tão frágil. A vida dela acaba. E o filme começa.

Conhecemos melhor os outros personagens: o pai desesperado, a mãe fraca e perdida (não gostei de nenhum dos dois, fato), a avó extravagante (Susan Sarandon linda, assistam: "Tudo Acontece em Elizabethtown") e, minha preferida, a irmã de Susie. Lindsey, the sister, é a única ali que permanece sólida e - digamos assim - consciente perante todo o desastre que cai sobre a família quando Susie morre. A base da família, de repente, é uma garota de, oq?, 12 anos? (quase certeza que ela era a irmã mais nova). Ela é quem mantém o equilíbrio e as coisas nos eixos enquanto o pai enlouquece e a mãe "escapa". Ela é quem consegue ir adiante - antes mesmo da própria protagonista conseguir.
Deixando de lado as pessoinhas, temos o "Paraíso" de Peter Jackson. Todas as cenas lá são lindas. O Céu que ele ilustrou é bem o Céu de um 14-years-old-girl. Ele é colorido, ele é divertido, ele é cheio daquele mundo de fantasia e romance que ela não pôde viver. Confesso que achei ele mais lindo nas imagens que eu vi pré-filme (o que só serviu de lembrete pra que eu não visse mais nada de "Alice" by Tim Burton antes do lançamento), mas mesmo na tela grande ficou sensacional. Como todas as adaptações de livros que eu já vi (talvez, com exceção de "Ensaio Sobre a Cegueira, que eu tmb não li) ficaram algumas lacunas abertas. Alguns personagens que não tiveram o tempo suficiente pra si. E foi exatamente isso que faltou: tempo. A garota gótica (oi?) fica simplesmente jogada de lado o filme todo. Nas primeiras cenas, é feito todo um auê em cima da conexão dela com Susie que não é retomado nem explorado decentemente em momento algum. Resumem, muito mal, em duas frases uma explicação idiota e deu. Ponto pra Lista dos Contras aqui.
Já uma sacada que eu achei perfeita - e aí imagino ser algo bom do livro/história e não do filme em si - é a decisão que a Susie toma naquele momento de tensão. Ela escolhe beijar o garoto. Simplesmente porque pra ela, naquele momento, entre tentar se vingar do seu assassino e ficar com a paixão pré-adolescente, a segunda opção é mais importante. Garotas de 14 anos, sim. Outro ponto a ser mencionado, creio eu, é que não há explicações maiores a respeito do Paraíso e de como ele funciona. A história é centrada nos personagens, em como eles encaram os acontecimentos, Susie, principalmente. Logo, quem vai assistir com a expectativa de ter toda uma revelação e um novo ponto de vista sobre vida após a morte e essas coisas, é melhor mudar de ideia. A intenção não é dar um manual de instruções desse outro universo, e isso nem é ruim.
Pra terminar, tem o final. E, de novo, é um final 14 anos. Estando nós no séc. XXI, eu diria, inclusive, que é um final 8 anos à là "101 Dálmatas". Ponto negativo aqui: novamente, pro livro, creio eu. Juro que eu ficaria puta se, depois de ler um livro inteiro, terminasse daquele jeito. Tipo, que eu sou completamente a favor de adaptações livres pro cinema de obras literárias. "The Time Traveler's Wife" tem o final diferente - o do filme, aliás, mil vezes melhor. E, confesso que eu não ficaria nem um pouco triste se decidissem matar o Edward em "Amanhecer" pra que a Bella e o Jacob vivessem felizes pra sempre ♥. Já em "Um Olhar do Paraíso" encaramos durante duas horas um Stanley Tucci impecável na pele de um assassino nojento, ficamos com ódio e com asco dele, queremos que ele seja escalpelado, empalado, torturado, arrancadas as orelhas e as unhas e queimado vivo, quando o filme termina daquele jeito ridículo.

"Um Olhar do Paraíso" emociona - pelo menos, emocionou as duas senhoras sentadas ao meu lado que soluçavam de tanto chorar enquanto o filme se aproximava do fim - ainda mais quem já é mais experiente e tem filhos e essas coisas. Ou quem gosta de crianças, o que não é o meu caso (eu gosto de árvores, por isso, tanta emoção com "Avatar"). E é, apesar de todos os defeitos e das milhões de coisas que eu teria feito melhor se eu fosse a roteirista *prepotência mode on*, um filme lindo e ótimo e que deve ser visto no cinema - imagino que o Céu deve perder metade da emoção quando reduzido a 40 polegadas ou seja lá o tamanho que fazem as TVs hoje em dia -. Fica de reflexão, perante todo o desgosto com o final do filme, a análise das características da nossa sociedade e do que consideramos imperdoável. Já sei que é quase unânime o ódio em relação aos nazistas e que ninguém ficaria triste em ver milhões deles carbonizados numa tela gigante de cinema *lembre mental pra Lucy aqui: ótima ideia para um filme*. Imagino ser também unânime e da mesma proporção o ódio em relação a pedófilos. Não há espaço pra compaixão ou entendimento nesse quesito. Se fala em "justiça". E o final do filme não dá pros espectadores essa justiça. Daí a raiva que deveria ser sentido pelo assassino pode acabar sendo direcionada em parte pro filme. E pro Peter Jackson. E pra todo o resto.

Obs 1: eu sei que eu vou ser apedrejada por escrever isso mas, falando em Peter Jackson, "Um Olhar do Paraíso" é muito, muito melhor e muito mais assistível que toda a trilogia chata e lenta do Senhor dos Anéis. adoroprovocar.mematem.
Obs 2: eu ia escrever algo importante aqui, mas acabei de esquecer. depois quando eu lembrar - se eu lembrar - edito essa joça.

O Amor nos Tempos do Cólera

(Love in the Time of Cholera, de Mike Newell)


Acho que antes de falar sobre "O Amor nos Tempos do Cólera" eu devo falar sobre como foi intensa a minha paixão pelo filme antes mesmo de tê-lo assistido (típico da Lucy). Eu vi o trailer. E o trailer é lindo. Ele é todo romântico, e aquele casal que se ama e não pode ficar junto, e as cartas, e o desespero dela, e a certeza e a paixão dele, e a música e a voz perfeitas da Shakira ao fundo. Lindo, lindo, lindo. Um dos trailers mais lindos que eu já vi. Lembro de tê-lo visto na TV e no cinema e no youtube e de ter feito o download da música e escutá-la overandover. Foi um daqueles filmes que eu já estava pronta pra ir ver no cinema sem nem ter lançado e que eu tinha certeza de que iria ser meu filme favorito por muito tempo. Aí, tive a ideia de ler o livro do Gabriel Garcia Marquez antes de assistir ao filme. E o filme foi lançado. E acho que eu comecei a estudar pras provas. E um amigo meu me fez desistir da ideia de ler o livro "pra dar uma chance ao filme". E foram ver o filme sem mim. E aí saiu de cartaz. Simples assim. Deu, no final, que eu não li livro nenhum e também não vi o filme. Só sei que quando saiu em DVD toda aquela euforia de quando vi o trailer pela primeira vez já tinha passado. Acabei lembrando desse filme ontem e resolvi locar pra ver no que dava.
Aqui percebo que não tê-lo assistido quando deu toda aquela vontade foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Acho que não tem quase nada pior em termos de cinema do que criar uma expectativa MUITO grande em relação a um filme e se decepcionar. Só sei que, se não tivesse havido esse hiato de um ano, provavelmente "Amor nos Tempos do Cólera" teria sido A decepção da minha vida. Como houve, o que aconteceu foi que assisti a um filme completamente diferente do que eu esperava e que não me cativou nem um pouquinho.
Não é que ele seja ruim. Ele só não é aquilo que eu gostaria que fosse.
A história de amor dos 2 minutos de trailer não pode ser a mesma daquela primeira meia hora de filme. Eu não gostei de nenhum dos personagens. Nenhum. Florentino é fraco, romântico demais (a ponto de ser enjoativo), ele beira a loucura e, mais de uma vez, perde completamente os traços masculinos - que já lhe são poucos. Fermina, entre uma cena a outra, passa de heroína romântica faço-tudo-pelo-nosso-amor a mulher desiludida com a vida que não quer nem olhar na cara do ex-amado - esse fato, em si, não é um problema. O problema é que, em momento algum, o filme nos explica como ou porque isso acontece. Só joga na tela essa nova personagem conturbada e chata e espera que nós, telespectadores comportados, aceitemos isso na boa. Tipoassim, NOT. Com os coadjuvantes sobram papéis pouco marcantes, pouco emocionantes e, por várias vezes, ridículos. Ridículo, eu digo, no melhor estilo "Quinto dos Infernos" (sim, a da Globo). Por aí já dá pra ter uma ideia.
Tentando ser um pouquinho justa, tem uma personagem - e uma só - interpretada por Indhira Serrano(qm?) que parece realmente ter alguma consistência. Ela aparece durante menos de um minuto e não fala absolutamente nada, mas em um gesto, um olhar, consegue transparecer toda a emoção que o filme não conseguiu. Quase chorei nessa cena. :')
Ah, e tem a sempre ótima Fernanda Montenegro - interpretando um papel que lá pelas tantas beira o risível, ok - mas que, mesmo assim, continua impecável. Pagaumpauenormepraela. Quando ela encosta a cabeça na cama e reza pedindo pra que a dor do filho passe, genteeem, muito bom.
Muito bom é também a maquiagem que fizeram no Javier Bardem velhote. MARA! E deu de muitos bons. u.u' já fui boazinha demais.
Então, de novo, não é que o filme seja ruim. Ele não é ruim. Ele só é diferente do que eu gostaria. Diferente demais. Não senti, em momento algum, toda aquela paixão, todo aquele amor que eu senti vendo o trailer. A música linda da Shakira que salvaria o filme, não toca durante tempo o suficiente pra preencher todo o vazio sentimental das cenas. Minha dica: fiquem com o video clip da música Hay Amores e com o trailer. Fiquem, também, com a primeira imagem do filme: que é além de surpreendente, linda *e que, aliás, eu não tenho aqui. então apreciem-na quando vocês o assistirem hehe*



Pra quem quiser baixar a trilha sonora com as músicas da Shakira e do Antonio Pinto (?): Parte 1 e Parte 2. Senha para descompactar: Honey (com o H maiúsculo mesmo)

Onde os Fracos Não Têm Vez

(No Country For Old Men, de Ethan e Joel Coen)

[só pra constar que tá cheio, cheeeio de spoilers e coisas que as pessoas que não viram não deveriam ler. Então vejam e depois voltem aqui.]

Acho que eu estou começando a me acostumar com os filmes quietos. Assim, vai demorar até que um deles seja tipo o-filme-mais-perfeito-do-mundo e, confesso, eu ainda tenho que fazer um esforço imenso pra não dispersar a atenção entre uma cena muito tensa e outra. Tanto faz. "No Country For Old Man" é, tipo assim, muito quieto. Eu não assistiria ele depois das 22hs, visto a facilidade que meu ser possui em dormir durante qualquer filme, e uma xícara de café bem forte ajuda. Ah, isso não é um defeito, ok? É só uma característica.
Outra característica é que eu vi em DVD. E o DVD estava arranhado e eu tive que parar três vezes durante o filme pra limpar e fazer macumba. Ou seja: tôputa. Deveriam inventar logo filmes em pen-drives ou algo assim. Nada contra o download de filmes pela internet, mas eu não suporto assistir nada no computador e não tenho saco pra ficar desvendando os mistérios da conexão entre o notebook e a TV. E a terceira observação é: quando vocês forem assistir algum filme (esse, em especial) escolham bem a companhia. Por favor. Não assistam com alguém que vai ficar fazendo comentários e perguntas a cada cinco minutos. fikdik. - isso, claro, pra quem é chatoquenemeu e não gosta de luz nem de som enquanto está vendo algum filme. Tanto faz. Fim da sessão terapia.

O filme. Certo. "Onde os Fracos Não Têm Vez" ganhou o Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Javier Barden) e Melhor Roteiro Adaptado em 2008.
Os diretores são Ethan e Joel Coen (também conhecidos como "os irmãos Coen" hãhã). Ultimamente, eles andam bem famosinhos. Fizeram, em 2008, a comédia(q?) "Queime Depois de Ler", aquela com o Brad Pitt e esse ano concorrem ao Oscar com "A Serious Man", sem nenhum ator que eu e toda minha ignorância conheçamos, nas categorias de Melhor Roteiro Original e Melhor Filme. Eu, particularmente, não entendo toda a fascinação e todo o auê que fazem em cima dos dois. Ok, os caras são geniais e "No Country For Old Man" é um baita filme, com diálogos e cenas memoráveis - depois eu falo mais. Mas "Queime Depois de Ler" (o outro filme que eu vi deles) eu fui ao cinema assistir, com toda uma expectativa, e achei tão chatinho. Certo que eu não entendi nada do filme,masné. E também, poxa, ganhou o Oscar de Melhor Filme. Ok. Pode até ser o Melhor Filme, mas eu ficaria 10 vezes com "Atonement" ou com "Juno" antes de ficar com o filme dos Coen. Claro, que a Direção dos dois é impecável. Todas as cenas ficaram perfeitas, eu não conseguiria achar nenhum defeito, em nenhuma delas. Os diálogos também são memoráveis. Acho que todo mundo quer realmente viu o filme vai pensar duas vezes antes de jogar cara ou coroa.

Vou falar de dois momentos, agora, então SPOILER. Primeiro, aquela cena do início. FODA DE MAIS. Só a hora que ele chega por trás do policial e estrangula ele com as algemas já seria o suficiente pro Javier Barden ganhar o Oscar (de Ator Coadjuvante? WTF? ele não é tipo, o personagem principal?). Eaí, como se não bastasse ter sido tão, tão afudê, quando ele vai embora ainda vemos as marcas no chão feitas pelas botas do xerife. Todos os detalhes estão ali, só pra que a gente fique ainda mais impressionado com o talento dos bróthers. E depois, a cena da descarga. Aqui, vou fazer um link aos irmãos do Pipocas, que me contaram essa parte muito antes de eu assistir. Chigurgh (Javier, o assassino) entra numa birosca procurando pelo cara que ele quer matar, e a senhora ali diz que não pode dizer onde ele trabalha. E então, quem vê o filme sabe que ele vai matá-la. Simplesmente porque ela o incomoda e ele não teria nenhum motivo pra deixá-la viva. Aí, alguém puxa a descarga. E ele vai embora. Simples assim, a tênue linha que separa alguém vivo de alguém morto: uma descarga. Se a criatura tivesse usado o banheiro por mais 30 segundos, provavelmente teríamos uma velha morta. O que ficou pra mim é que, com o barulho da descarga ele passou a ter um motivo pra deixá-la viva: seria incômodo demais ter que matá-la e matar a pessoa que estivesse no banheiro. Ou seja, a mulher ficou viva por inércia do assassino. E viva as aulas de física.
Como eu já mencionei: os diálogos. Como a cena em que os xerifes chegam no trailer e um deles tem aquela dedução perfeita, como em um episódio de Agente 86 ou algo assim. É engraçado. Verdadeiramente engraçado. E assim temos vários outros comentários durante todo o filme, que assim como algumas situações, te fazem rir. E então, lá pelas tantas, o espectador percebe que está assistindo a um serial killer matando milhares de pessoas sem nenhum escrúpulo, numa verdadeira carnificina, e que ele próprio está rindo daquilo. Sendo que as vítimas nem são nazistas. Sádico.
Por último, eu acho válido mencionar aquelas três histórias dentro da história. Quando o xerfie conta pra esposa sobre o homem que matava os bois; a conversa daquele velho na cadeira de rodas com o xerife; e o sonho que o xerife conta pra sua mulher. É que os personagens começam a falar, e a câmera dá aquele close na cabeçona deles e a gente fica ali, lendo as legendas e, sem nem ao menos perceber, imaginando as imagens descritas pelos personagens. Como se, sem mais nem menos, nossa mente fosse levada para outro lugar bem longe do filme e do assassino, e ficássemos imaginando um senhor e sua criação de gado. Admirável.

Como eu disse, ainda prefiro "Atonement" e "Juno". Mas "Onde os Fracos Não Têm Vez" é um filme com o qual vale a pena gastar duas horas, uma xícara de café - e pros mais hiperativos que nem eu - um pouquinho de boa vontade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Antes que o Mundo Acabe

de Ana Luiza Azevedo


"Antes que o mundo acabe" é uma prova de que livros podem ser bem traduzidos pro cinema. Ok, tentei fazer um trocadilho pensando em cinema como linguagem cinematográfica e o verbo traduzir, mas isso não exemplifica bem o que a diretora Ana Luiza Azevedo - e toda a galera da equipe, incluindo o Jorge Furtado no roteiro - fez com a obra de Marcelo Carneiro da Cunha. Eles não só traduziram um livro pro cinema, mas deram vida à essência da história. Eaí a gente tem umas mudanças aqui, outras lá, um personagem que cresce, outro que ganha um humor diferente, piadinhas bem portoalegrenses e, como justlikehoney, um filme todo perfeitinho.
Os personagens são magníficos e cada imagem, cada "foto" do filme é mais linda que a anterior. Ah, é. O filme é sobre fotografia. E sobre cartas, família, a expansão do universo e o fim do mundo. Não o fim do mundo à la "2012", pelamordedeus, mas sim as diferenças culturais - ou melhor, as semelhanças culturais no mundo globalizado. E pasmem, a história consegue ser interessante, divertida, criativa e sorridente de um jeito tão encantador que nem dá pra imaginar que é um filme sobre o capitalismo e a sociedade contemporânea. Ele consegue mostrar a magia de cada situação como somente uma criança de 10 anos vê.
Aliás, meu melhor amigo sempre fala das "narrações" nos filmes (os V.O.) e em como eles devem fazer parte da história, não somente resolver um problema de comunicação entre as imagens e o espectador. E a narração dessa história, essa garota encantadora falando pra gente sobre entropia e Tailândia é de arrancar sorrisos.
"Antes que o mundo acabe" inteiro é de arrancar sorrisos. É também de pôr um pouquinho de sufoco no peito. Mas os sorrisos são lindos.



Não deixem de ler o livro homônimo (com o mesmo nome,blz) do Marcelo Carneiro - principalmente se vc tiver uns 10, 12 anos. Ele é legal, tem fotos legais e dá pra ler do início ao fim numa sentada. 

domingo, 28 de março de 2010

O Sequestro do Metrô 123

(The Taking of Pelham 123, de Tony Scott)


Então, minha gente. Todo mundo sabe que eu tenho um gosto chinelão pra filmes. Contudo, eu tento sempre fazer jus àqueles que tem bom gosto e apreciam as verdadeiras obras de arte. Agora, sei lá, "O Sequestro do Metrô 123" é ruim demais,porra. Sabe quando o filme termina e tu fica TRISTE por ter assistido algo tão ruinzinho? :/ poizé. fiquei triste, meo. aliás, estou deprimida até agora. xD
O filme foi dirigido por Tony Scott (que fez "Chamas da Vingança", "Domino" e "Déjà Vu") e ele é, tipo assim, o cara que faz os filmes que eu E minha mãe gostamos. Acreditem, é difícil achar um filme que tanto eu (a garota das comédias românticas bobinhas e alternativas) quanto mamis (que só assiste filmes policiais, de suspense ou com o George Clooney) gostemos. "Déjà Vu" foi um dos melhores thrillers (???) que eu vi nos últimos tempos, e eu tinha ficado superduper empolgada com o filme do Metrô e aí... pééén. RUIM,RUIM,RUIM. Deveria ter uma sirene grudada na capa do DVD que berrasse isso quando alguém tocasse nele.
As cenas do início ficaram bonitas (oi?), tipo: o casal adolescente ouvindo música total alienados enquanto o metrô passa rapidão por trás deles; a mistura de câmera lenta com o movimento dos trens e talz. Pôw, eu curti. E só também.
A história é sobre um cara (John Travolta) e outros caras que sequestram um metrô -duh. Aí, o Denzel Washington é, por acaso do destino, o cara que está controlando aquela plataforma e consequentemente fica em contato com o assassino por um radiozinho. Aí tem toda a história previsível, os diálogos chatos, o Denzel interpretando o mesmo personagem que ele sempre interpreta - o malandrão que salva NY -, o John Travolta mais gordo/feio/chato do que nunca, um suspense mastigado e vomitado na tela de quem assiste pra garantir que todos entendam tudo direitinho e não restem dúvidas no final, e - TÃN,TÃN - um final completamente ridículo e, porra, nada a ver sabe.
No fimdascontas, acontece o seguinte: a vida é curta e efêmera. Devemos aproveitar cada precioso minuto dela. Tipoque, não vale a pena gastar 2 horas da nossa vida preciosa, cara e finita assistindo a coisas porcarias como "O Sequestro do Metrô...". Tomem café. Leiam um livro.
By the way, tô pensando agora se o tempo que eu gastei falando mal desse filme também foi um desperdício ou se foi uma boa ação que vai fazer com que milhares de pessoas economizem 110 minutos de suas vidas e sejam felizes pra sempre. Nhé.

terça-feira, 23 de março de 2010

Educação

(An Education, de Lone Scherfig)

Tem filme que eu já sei que eu vou gostar, mesmo antes de tê-los visto. "Educação" já era um deles. Eaí, quando eu vou com essa certeza - que é diferente de expectativa - tipoassim, o troço tem que ser muito ruim pra avacalhar com tudo. "Educação" tem tudo aquilo que eu mais gosto nos filmes: romance, atrizes bonitas, diálogos inteligentes, momentos engraçados, romance; Carey Mulligan é Jenny (voilà, meu nome preferido pra escrever romancezinhos), uma das melhores alunas da sua classe, em plenos anos 60. O plano é que ela vá para Oxford. Mas aí ela conhece David, um cara mais velho, simpático e amante da diversão. Paremos por aqui.
Minha primeira surpresa: eu podia JURAR que David era o professor ._.' nolosé, andei confundindo sinopses,só pode.
Então, minha segunda surpresa: percebo, no meio do filme, que me falaram o Sr.Spoiler, dias antes. (Não lembro quem, mas assim que eu descobrir MATO.)
Eaí eu já fiquei meio putatriste, porque, poxa, eu tava muito pilhada pra ver esse filme e de repente, aos 15 minutos, eu percebo que, de algum modo, já sei o final. fiqueidecara. Agora, deixando de lado as reclamações Lucy, "Educação" é um ÓTIMO filme. Pra quem gosta de bons romances, acho que esse ficou na medida perfeita. Não é meloso demais, não é triste demais, não é cutie demais. Perfeito - tudo na medida certa.



Eaí, eu notei alguma coisa diferente na história. Os personagens. Eles são ótimos. Mais do que isso: eles realmente existem no filme. Diferente do que às vezes acontece, em que se tem uma ótima história e vários personagens flutuando dentro dela, em "Educação" se tem bons personagens tecendo a história plano a plano, cena a cena. Ok, a Jenny e o Dennis são o casal chave. Mas a família de Jenny, os amigos de Denis, as amigas, o garoto, a professora, a diretora do colégio... todos eles constituem o filme tão plenamente, as atitudes, os gestos transformam meros coadjuvantes em peças indispensáveis pra história.
E então, se à primeira vista eu me apaixonei por "Educação" por causa da história de amor bonitinha do casal protagonista, ao fim do filme, a vida da professora e do outro casal já tinham me conquistado. "Educação" fala de um jeito muito sublime sobre a fragilidade (de tudo): das relações pessoais, dos sonhos, da família, do amor, da juventude. [bytheway, assunto bem conveniente pra esse momento].
Ah, e as músicas são lindas. A imagem do filme é linda. E, vamlá, alguns momentos são TÃO LINDOS. Confesso que se eu tivesse um TOP 10 de Melhores Primeiros Encontros o de "An Education" já estaria na minha lista. A Jenny linda, no meio da tempestade, carregando o celo e caminhando ao lado do homem-estranho-no-carro-bonito. muitomágico.

"Educação" concorreu ao Oscar 2010 por: Melhor Atriz (Carey Mulligan), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme, mánonganhonada.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Coraline e o Mundo Secreto

(Coraline, de Henry Selick)

"Coraline" é mágico. Acho que essa é a palavra mais próxima daquilo que se sente quando se vê o filme, embora ela não corresponda nem a um décimo da real sensação. É lindo, tudo no filme é lindo. Coraline é linda, os cenários são inacreditáveis, magníficos, são... são... PRECISAM ser vistos. É como se desde a primeira cena seus olhos ficassem presos à tela, como quando a gente é criancinha e fica todo encantado com um filme. "Coraline" é assim: faz você se sentir meio criancinha.
Baseado na obra de Neil Gaiman - o cara louco das histórias em quadrinhos - e do mesmo diretor de "O Estranho Mundo de Jack", "Coraline" é meio que uma história de terror para crianças. É exatamente o tipo de filme que eu teria medo de assistir nos meus sete anos. Admito, eu gostaria muito de ter ido ver no cinema. E, agora que eu descobri a tecnologia em Blue-Ray, quero ainda mais ver de novo.
O filme ele é perfeito em todos os aspectos. A história é totalmente criativa e inovadora (apesar de alguns elementos serem identificados em outros filmes do gênero de fantasia). Muita coisa me lembrou, também, Tim Burton (né), embora os personagens de "Coraline" sejam bem mais... er... bem menos cadavéricos (com exceções).

Então, a história: Coraline é uma garota de cabelo azul (dublada pela Dakota Fanning ♥) que se muda com os pais para uma casa grande e velha. Lá, ela descobre uma passagem secreta para um outro mundo. E aí começam algumas comparações com "O Labirinto do Fauno", "A Viagem de Chihiro", etc. Mas não tem nada a ver e nem adianta querer comparar pq é diferente e deu u.u'
Além da história e dos personagens serem ÓTIMOS, além do filme ter momentos muito engraçados - equilibrados com outros mais sombrios e até, de certo modo, tristonhos - e completando a produção, temos que a trilha sonora é fantástica e, nunca é demais ressaltar, todo o universo, todos os cenários criados para o filme são simplesmente inacreditáveis. Acho que é a coisa mais linda que eu vi no cinema - arrisco dizer, tão lindo quanto o universo de Avatar (meuxodó) [o que só me deixa ainda mais deprimida por não ter visto "Coraline" no cinema]. A diferença, no filme, entre o universo real e o outro universo é genial - ok, ela é meio óbvia, mas mesmo assim, é genial. O outro jardim, então, não tem palavras pra descrever como é lindo. E aí, quando você pára no meio do filme, e no meio de todo o deslumbramento, pra pensar um pouquinho e se dá conta de que é uma animação em stop motion - ou seja, tudo, TUDO foi feito de massinha de modelar (ou algum material parecido) e fotografado. Dá vontade de chorar,ok. Cada movimento de cada bonequinho, cada galho de árvore foi desenhado e projetado, cada detalhe - e "Coraline" tem MUITOS DETALHES MESMOS -, o movimento da sobrancelha da garota, tudo feito com os bonequinhos e fotografado. Desabafo, aqui, o desespero e a tristeza e o desespero que tomaram conta do meu ser quando eu parei pra pensar sobre isso. Pronto.

Voltando ao filme: vejam. Vejam,vejam,vejam! Várias vezes. Dêem pros seus irmãos menores vêem - e tirem eles da frente daquelas porcarias que passam na TV. "Coraline" é uma animação - dã - mas é TÃO MAIS do que isso. É arte. É magia. Desculpem a falta de um vocabulário mais variado pra convencê-los de que o filme é realmente bom, mas é que ele é.
O único pecado - e aqui eu vou falar uma coisa que eu quase nunca falo - é que "Coraline" é curto demais. Eu queria pelo menos uma hora a mais daquele universo estonteante na minha frente. As cenas de ação, por assim dizer, acabaram sendo muito rápidas, não deu pra desenvolver elas como eu acho que deveriam ter sido desenvolvidas. Isso não chega a atrapalhar todo o resto da perfeição, mas parece que pula e aumenta muito o ritmo do filme, não dando tempo pros espectadores mais lentos (eu) apreciarem por completo esse final.

Aí, por fim, dando uma de conservadora (e vocês bem sabem o quanto eu amo computadores e tecnologias e 3Ds e mundos irreais), "Coraline" é cheio de uma arte, de um capricho, de um jeitomágicodeser e eu duvido que pudesse ser feito no computador. Tem alguma coisa de humano no filme, seilá, talvez seja a paixão de toda aquela gente que passou dois anos mexendo bonequinhos e tirando fotos. Acho que é isso. "Coraline" é mágico, cheio de paixão e completamente apaixonante.

sábado, 13 de março de 2010

Toy Story 2

(Toy Story 2, de John Lasseter)

Fui ver no cinema em 3D. Assim, uma das melhores experiências cinematográficas. Não tanto pelo 3D, que é bem imperceptível, confesso. Mas porque... poxa. Toy Story é o filme da minha infância. E assisti-lo assim, 10 anos depois, foi simplesmente INCRÍVEL. Não é à toa que a Pixar tem todo esse respeito. O desenho é tão... genial.
Eu confirmei aquilo que já sabia de "Toy Story" (não por ter assistido com 7 anos de idade, mas enfim, por saber): é uma ótima animação. Tem os bonecos (dã) e todo aquele lance dos brinquedos que ganham vida quando não tem nenhum ser humano por perto. E o lance da animação computadorizada continua sendo tão... novo (mesmo depois de todas as animações fuckerizadas e "Avatar"). Ah, sei lá, nostalgia mór.
E eu percebi algo novo: gentem, Toy Story é MUITO ENGRAÇADO. Ok, que eu sou meio retardada e que tinha só eu e um tiozinho de 50 anos dando gargalhadas no cinema, mas eu realmente achei engraçado. O que é o boneco do Imperador Zurg a là Darth Vader? E o dinossauro Rex? Ri mols (q-). Ah, e tem as ceninhas que passam durante os créditos - com os erros de gravação dos bonecos, as cenas "cortadas". Simplesmente genial e perfeito, uma oportunidade imperdível.





Saí do cinema muito alegre - adoro ir ver filme e me divertir - e com uma sensação terrível de pena por não ter ido assistir "Toy Story" no cinema, em cartaz durante a semana anterior. Agora, além disso, tô sentindo também um pouquinho de medo pelo que pode ser o terceiro da série, que vai ser lançado num futuro próximo.
Pixar, por favor, não nos decepcione.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Entre Irmãos

(Brothers, de Jim Sheridan)

Ir ao cinema e assistir a um filme ruim é muito, muito chato e eu odeio. Agora, pior do que isso, é ir ao cinema, assistir a um filme que tinha todo um esquema pra ser bom e consegue ferrar com tudo. Isso é "Entre Irmãos".
A história não é a coisa mais original do mundo, vamlá, acho que até na novela da Globo tem esse tipo de coisa: Sam (Tobey Maguire) é casado com Grace (a linda Natalie Portman). Aí o Sam vai pra guerra, "morre" e o irmão pródigo-que-todo-mundo-odeia Tommy (Jake Gyllenhaal, maislindodoquenunca♥) aproxima-se da cunhada viúva e das duas sobrinhas preenchendo o espaço deixado pelo irmão supostamente morto.

Eu achei todos eles ótimos. As garotinhas que fazem as filhas do casal estão perfeitas, a Natalie Portman interpreta uma mulher "normal" (ou seja, dessa vez, sem perucas cor de rosa ou assassinos mascarados para caracterizá-la) e mesmo assim não deixa margens para dúvidas ou besteirinhas quanto à sua capacidade, e Tobey Maguire faz cenas ótimas, dando realismo, tensão, ódio e todas as coisas necessárias à trajetória do Capitão Sam, passando pela transformação no melhor estilo Dr. Jekyll and Mr. Hyde contemporâneo.
Ok, é mais um filme "de guerra". Ok, é com o Homem-Aranha. Ok, é sobre o triângulo amoroso mais clichê ever (e, vamlá, meio cômico inclusive, levando em consideração que os dois atores namoraram a loirinha preferida Kirsten Dunst), mas, poxa, eu ADOOORO filmes assim: dramas clichês, com cenas legais e tensas, com uma história de amor com personagens bonitos, e blablabla.
- você comeu a minha mulher? - dessa vez não.

E o filme ele vem muito bem até o começo do final  - muito bem meeesmo. Aí, de repente, todo o conflito anunciado pelo pôster e pelo trailer do tipo "tu comeu minha esposa, seu FDP????" é substituído (!) pelo problema psiquiátrico (q-) do Capitão Sam: o efeito da guerra na vida dos soldados. Sério, sou só eu? Porque EU NÃO AGUENTO MAIS ver filmes assim. Porra. Eu vô tri feliz pro cinema achando que vou ver o Jake-lindinho dando uns pega na Natalie Portman e eu tenho que ver o feio do Homem-Aranha pirando porque foi pro Afeganistão matar árabes????? WTF!!!! Esses americanos fdp deveriam tirar aquele bando de gente metida do Oriente Médio, nem que seja pra que se voltem a fazer roteiros sobre outros assuntos.
Resumindo: o "triângulo amoroso" não se concretiza, deixando aquela sensação de 'hm, tá faltando alguma coisa nesse filme'; e, óbvio, o final é uma droga. Se ainda poderia existir a possibilidade de salvar o que restou da história pós-retorno-do-Afeganistão *SPOILEEEEEEEER* essa possibilidade deixa de existir quando o Capitão Sam abaixa a arma e é preso e levado pra um hospício (?) e a Natalie Portman passa o resto da vida indo visitá-lo lá. Ah, e o Tommy (o irmão bonito)... tipo, desaparece.
Aí podem me dizer que foi um final criativo, fugiu do lugar comum, exemplo do amor verdadeiro que a mocinha sentia pelo marido... não quero nem saber. Às favas tudo isso. Deveria ter ficado em casa vendo Globonews.
Jake Gyllenhaal brincando com as criancinhas *-* e não me aparece um marido assim,voteconta

Só me resta, agora, aguardar ansiosamente por "Educação", rezando, claro, pra que ele não me decepcione =(

sexta-feira, 5 de março de 2010

Preciosa - Uma História de Esperança

(Precious: Based on the Novel Push by Sapphire, de Lee Daniels)

Sobre "Preciosa" eu vou falar duas coisas.
Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Gabourey Sidibe), Melhor Atriz Coadjuvante (Mo'Nique), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição. O elenco do filme é bem feminino e todo ele está MA-RA-VI-LHO-SO. Todos. Desde as indicadas ao Oscar aí em cima (que, confesso, eu ficaria bem alegrezinha se ganhassem) até as coadjuvantes colegas da protagonista, passando por uma professora linda e simpatissíssima, e pela assistente social interpretada por uma Mariah Carey que não parece a Mariah Carey. Impecável. A história, caso alguém ainda não saiba, é um tanto quanto pesada. Assim, sabe quando você tá pegando o leite na geladeira e ele cai da sua mão e suja toda a cozinha de leite? Aí você amaldiçoa meio mundo, porque você tem prova no dia seguinte e precisa estudar para a prova e agora vai ter que limpar o leite que derramou. Então, depois de assistir "Preciosa" você vai pensar sete vezes antes de reclamar de qualquer coisa. A impressão inicial é que Claireece (a Precious) é uma adolescente com quem tudo deu errado. Tudo, sem exceção. A vida dela é horrível, todas as desgraças que poderiam cair em cima de alguém, caíram nela [não é exatamente assim, mas essa é a impressão que fica]. O filme é triste - dã - mas eu não me debulhei em lágrimas como algumas pessoas falaram que iria acontecer. Ele só é meio difícil de digerir.
O que eu vou falar agora não é nenhuma novidade, mas né. "Preciosa" faz olharmos pra nossa vida de um outro ângulo. Eu saí da sala de cinema verdadeiramente transformada pelo filme. Não faz sentido resmungar do elevador que não chega nunca depois do filme. E se fizer é por que você é uma ameba em forma de gente, ok. Deixando de lado a parte mágica do filme de mudar a vida do espectador - e, na minha opinião, a mais importante - e falando brevemente sobre a produção. O filme é ótimo. A história não cansa em momento algum, mantendo a gente preso nela até mesmo quando não queremos. Como eu já disse, mas acho válido repetir, as atrizes estão perfeitas; o Lenny Krevitz sem peruca (q-?) e perdido ali no meio também ficou sensacional; as cenas em que vemos os "sonhos" de Precious ficaram LINDAS - e o modo como esse artifício foi usado, primordial. Ah, e eu amei o cachecol vermelho. A respeito do final - bizarramente - ainda não tenho uma opinião formada. Eu já sei que não achei ele ruim. O fato é que o final do filme não deve ser visto como o fim. Fazendo um trocadilho mais do que besta com o título traduzido, é uma história de esperança. E acho que esse é o final. Gostei.

obs: falei mais que duas coisas ._.' enfim, era pra ser 1) as atrizes; 2) life's changing movie

Entre os Muros da Escola

(Entre les Murs, de Laurent Cantet)



Acho que hoje, pela primeira vez, eu entendi toda a sensação em rever filmes, o que é completamente diferente de ver de novo. Rever implica não só em assistir novamente, mas também em repensar, absorver coisas novas e, quem sabe, até sentir algo diferente. Rever "Entre os Muros da Escola" foi uma experiência muito diferente de simplesmente assistir aquela minha comédia romântica favorita pela décima. Foi como olhar pra dentro e rever eu mesma.
"Entre les Murs" foi um dos poucos filmes que eu vi ano passado. E, engraçado, lembro de tê-lo assistido também em março, no início das aulas. Hoje, por coincidência (ou não), eu passava os canais até chegar no VH1 quando vi que ele tinha recém começado no Telecine. A ideia era assistir só um pedacinho, afinal de contas, eu já havia visto aquele filme, o tempo é curto e eu tenho zilhões de coisas pra ler, ver, escrever, pirar. Só que aí eu comecei a assistir, lembrar de algumas cenas e - aí o lance mais incrível - me dar conta de detalhes e de conceitos centrais que eu não tinha nem reparado um ano atrás. 
Resumindo bastante, o filme é uma espécie de documentário-ficcional (oi?) sobre as aulas de Francês em um colégio da França. Acompanhamos as aulas, os diálogos e os conflitos de uma turma e do professor (François Marin) em questão. O filme é, assim, genial. Isso eu já tinha achado da outra vez. Dessa, mantenho minha opinião e ratifico: ele é muito genial.
Como eu disse, percebi aspectos que antes tinham sido simplesmente ignorados.
Os personagens são incrivelmente bem construídos. Todos eles. O professor, digamos assim "o protagonista", é tão humano que em alguns momentos chega a dar raiva. Poderiam ter caído no clichê de desenhar o "professor" perfeito e, confesso, durante alguns momentos do filme eu achei que François o fosse. A aula dele é, talvez, aquela que muitos (lê-se: Lucy) na oitava série tenham desejado ter: ele transcende os aspectos da matéria e dialoga com os alunos, filosofa, contesta. A aula é dinâmica, discute-se, participa-se. Isso tudo, claro, guardadas as proporções em uma turma de seus vinte e tantos estudantes adolescentes e toda a bagunça inerente a uma aula menos ortodoxa. Ele é o professor que, na reunião, não concorda em punir os alunos, que procura outros métodos de ensino. Que propõem trabalhos diferentes, como a confecção de um "auto-retrato". Acontece que, quando se vê o filme pela segunda vez, percebe-se que ele também é o cara que não consegue controlar a turma; que grita quando inicia um diálogo mais difícil com algum aluno; que abandona, que perde a esperança; que, em momentos mais difíceis, não consegue controlar a si mesmo. François é um personagem real, com as qualidades e os defeitos, e estão todos eles ali, na tela, completamente explícitos, assim como os outros personagens. Temos a garota mais "rebelde", a que desrespeita, a mal-educada, aquela que dá a impressão de ignorar tudo e todos durante o filme, mas que, de repente, revela-se alguém que se importa - embora não com as coisas de "dentro dos muros". Tem o garoto problemático, aquele que não controla a própria raiva, que briga, que senta no fundo e passa a maior parte do tempo na diretoria, mas que, contudo, é também o garoto que faz o melhor trabalho - e o mais criativo - quando lhe dão uma oportunidade diferente. E tem a aluna que "muda", que discute com o professor e a barreira erguida entre os dois - e o modo como esse muro vai sendo desmanchado ao decorrer do ano letivo. Esses não são os únicos personagens, mas eu vou parar por aqui.

O filme que eu assisti em março de 2009, aquele "Entre les Murs" deveria ser exatamente o mesmo de agora. Mas, por sorte, não é. Filosofias a parte, a Lucy mudou um pouquinho nesse um ano. E eu acredito, sinceramente, que todos os meus erros, defeitos, tropeços, todas minhas idiotices, reflexões, conversas, que todo o meu amor, tenham me mudado pra melhor. Acredito, enfim, que esse um ano de espaço - e tudo o que aconteceu nele -  tenham me feito perceber mais nitidamente esse filme, que é o retrato de um relacionamento tão singular (entre aquele professor e aqueles alunos) e tão distante fisicamente, mas ao mesmo tempo tão próximo em sensação.
Acho que é isso que significa, pelo menos pra mim, rever um filme. É, ao assisti-lo pela segunda vez, se dar conta de que o filme mudou porque o dono cujos olhos miram a tela já não é mais o mesmo.

O Segredo dos Seus Olhos

(El Secreto de Sus Ojos, de Juan José Campanella)


Depois de alguns dias (que mais pareceram uma eternidade), fui ao cinema. Assisti "O Mensageiro" e, logo depois, com o filme ainda meio entalado, fui ver "O Segredo dos Seus Olhos", que concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Sobre isso, 5 coisas.

1) Vi o trailer do meu mais-novo-filme-preferido. Do mesmo roteirista de "Alta Fidelidade" e "O Grande Garoto", vai estreiar (sim,sim,sim*-*) "Educação". Eu já sabia que estava concorrendo ao Oscar, eu daria um dedão pra ver. É tipo, Laís nos anos 60 [perfeito!] (ninguém vai entender isso, anyway). E como eu sou uma pseudo-cinéfila-relapsa, não sabia se já tinha sido lançado no cinema, quando iria sair em DVD, etc. Agora, thankgod, semana que vem estarei vendo a lindinha Carey Mulligan, toda rebelde e apaixonada. Então, mesmo se "O Segredo dos Seus Olhos" fosse uma porcaria, eu já estava feliz com meus cinco reais gastos. [BTW, não é uma porcaria].

2) Sim, o filme em questão. "O Segredo dos Seus Olhos" me surpreendeu - mais de uma vez. Eu sabia que era um filme em espanhol sobre um cara aposentado que escreve um livro [Lucy relapsa II]. E aí tem ele velho  e ele jovem e, OMG, um crime! E um mistério. E uma história de amor. E um personagem no maior estilo Woody Allen (oi?). E é bom,bom,bom³.

3) Eu ri. Várias vezes e muito. O filme é engraçado. Não engraçado ridículo, engraçado tipo capaz de fazer a Lucy dar gargalhadas - podem crer, isso é bem mais difícil do que fazer eu me afogar em lágrimas. Algumas cenas descontraem total e, sem forçar, temos personagens engraçadíssimos combinados com diálogos hilários.

4) A cena do estádio. Foda.

5) Amei a "história dentro da história". Ficou lindo e ficou na medida certa. As cenas do início; o trem, a janela, o toque à la Almodovar; o sorriso, o chá com mel e limão, o sol; Todas elas lindas.

A história é intrigante, mas sem aquele monte de correria e ritmos loucos instrumentais com os quais estamos acostumados nos filmes americanos. "O Segredo dos Seus Olhos" se sobressai e, creio eu, vai ser lembrado. Pelos personagens que vão sendo revelados aos poucos durante o filme, pelo jeito cômico do assistente atender o telefone e, principalmente, pelo final e todas as discussões filosóficas que ele pode gerar. Impossível terminar esse filme de outro jeito. Genial.
Ah, e é estranho notar como ele caminha de um extremo ao outro [o filme, não o final]. Vai da comédia ultra risível até o drama que dói no estômago sem se estragar e sem dispersar quem assiste.
Um dos mais ótimos que eu assisti ultimamente.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Mensageiro

(The Messenger, de Oren Moverman)


Indicado ao Oscar nas categorias de Roteiro Original e Ator Coadjuvante (Woody Harelson), "O Mensageiro" é mais um filme de guerra. Não que ele seja só isso, nem que se passe durante algum combate, mas, mesmo implícita, ela está ali. É a 3ª personagem da trama ao lado do Sgt. Montgomery e do Capitão Tony Stone.
La trama: O Sgt. Montgomery, após se machucar na guerra, recebe o trabalho de comunicar os familiares dos soldados mortos. O filme retrata, basicamente isso, do início ao fim.
É um bom drama, sem ser (muito) exagerado. Tem todos aqueles personagens problemáticos, seus conflitos e traumas. Só que, dessa vez, eles são soldados. E aí, em cima de todo aquele mundo de crises psicológicas, tem uma capa de seriedade e retidão, como espera-se de um militar. Eis aqui nosso protagonista: quieto, sério, contigo. Acompanhamos ele durante duas horas nessa sua nova "missão" e, por conta disso, somos levados para dentro das casas, das famílias norte-americanas, presenciamos seu desmoronamento e, de canto, temos o sofrimento de cada pessoa esfregado na nossa cara ao receber a notícia de que seu filho, seu marido, está morto.

Duas coisas que me chamaram a atenção no trabalho do Mensageiro. Uma delas, mais a ver com a história em si, é sobre o modo que a notificação é dada. A sobreposição de vozes, choros e gritos. Os militares ali exercendo aquela função tão necessariamente humana e agindo quase como robôs. Simplesmente iniciam o discurso de praxe, sem o menor contato com o interlocutor. Eles parecem máquinas, vomitando palavras vazias enquanto os familiares caem aos prantos. Nem mesmo quando alguém parte para a violência parece haver qualquer tipo de reação. Tudo muito automático. E aí, lembrei de um outro filme (ok, reconhecimento: quem deu a dica foram os irmãos do Pipocas) no qual, guardadas todas as diferenças, também fala sobre alguém que precisa aprender um trabalho no qual tem de dar notícias ruins para as pessoas e a necessidade, maior do que nunca, de ser humano em momentos assim. Um computador jamais poderia anunciar para uma mãe que seu filho não vai voltar para casa, uma máquina não pode te abraçar e dizer que "tudo vai dar certo" e, nesses aspectos, os soldados do filme são quase dois hardwares.
O outro aspecto das "mensagens", aí mais técnico, é como a filmagem aparenta, em alguns momentos, o estilo "documentário", literalmente invadindo porta a dentro as salas de estar, super "Extreme Makeover". Eu, particularmente, tenho minhas rixas com esse tipo de recurso, mas serviu muito bem no filme, não só aproximando o espectador daquelas gentes, como também revelando a distância entre elas e os militares.
No mais - e aí traçando um paralelo com outro filme de guerra um pouco mais badalado - temos a cena na cozinha, na qual Montgomery trava um dos principais diálogos com uma personagem. Nas palavras deles acabam dizendo exatamente a mesma coisa que "Guerra ao Terror", da Bigelow: como a guerra vicia, como ela muda as pessoas e como destrói milhões de vidas. (Gosto de acreditar que essa onda de filmes guerra-trauma-destruição-caos são um reflexo do que o povo americano sente em relação aos conflitos mundiais envolvendo sua nação, ma né. Sou uma otimista).
No mais, tem a ótima atuação do Ben Foster (A-DO-REI a cena do telefonema/carta); o sempre com cara de louco-assassino-por-natureza Woody Harrelson, verygood; e, só pra não fugir do costume, um final bem meia-boca, nhé.

Obs: eu tinha planejado começar isso aqui com uma frase genial (modéstia parte), mas acabei esquecendo de fazê-lo. Por isso vou terminar com ela.

Em outro momento eu classificaria "O Mensageiro" como um drama pesado. Acontece que depois de assistir "A Fita Branca" vai ser bem difícil usar esse adjetivo com qualquer outro filme. Fica então que "O Mensageiro" é denso, mas não é capaz de afundar ninguém.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Te Amarei Para Sempre

(The Time Traveler's Wife, de Robert Schwentke)


Hoje foi a segunda vez que assisti ao filme. A primeira vez eu vi no cinema - uma das melhores coisas que eu fiz em 2009. Foi um daqueles que eu vi o pôster, li o título (em inglês, não a tradução escrota comercial) e já era o "filme do ano", aquele que eu precisava ir ver no cinema. Criei toda uma expectativa gigante ao redor do que seria e, como toda regra tem uma exceção, não me decepcionei. Pelo contrário, consegui gostar mais do que eu esperava. Gostei tanto, tanto, que me dei o livro de Natal [sim, o filme é baseado na obra homônima de Audrey Niffenegger decentemente traduzida como "A Mulher do Viajante no Tempo"]. Esse foi, aliás, o único livro que eu li antes do vestibular - fora as leituras obrigatórias. Só pra ter uma noção do quanto eu me encantei com o filme. Sendo assim, vou começar por ele.

É a história de um homem, Henry DeTamble (interpretado pelo gostoso talentoso Eric Bana, o irmão heterossexual em "Tróia"), portador de uma rara doença genética que o faz viajar no tempo independentemente de sua vontade. A única coisa constante em sua vida, por assim dizer, é essa garota, Clare Abshire (a Rachael McAdams topa-todos-filmes-lecais), sua esposa, quem fica esperando por ele. "Te Amarei Para Sempre", bem como a tradução deixa implícito, é um romance BEM romântico, mas que, ao mesmo tempo, foge do lugar comum e das mesmas histórias batidas de sempre, surpreendendo e emocionando. Os personagens estão lindos e, o mais importante, estão ótimos. Cada um tem o seu espaço, por menor que seja em questão do tempo, transformando cada cena do filme em um pedaço memorável e indispensável pro conjunto. Não daria pra tirar nenhum momento, não daria pra mudar ninguém que simplesmente destruiria com o equilíbrio-mór da produção. A fotografia, nem se fala. Tem vezes que dá vontade de voar pra dentro do quintal da Clare, e ficar ali, deitada naquele campo imenso. A garota que escolheram para fazer o papel dela jovem é incrível. Ela não é só uma garota fofinha, a pivete vai além, nos mostrando uma Clare cheia de personalidade e inteligência. Perfeita. A trilha sonora também está ótima - ok, acho que a única coisa do filme que não ficou perfeita, mas quase lá. Achei ela tão comunzinha. - O roteiro foi impecavelmente escrito por um cara chamado Bruce Joel Rubin, o qual, vim a descobrir no DeusGoogle, foi o responsável também pelo roteiro de "Ghost".


Agora, falando sobre roteiros, livros e adaptações. Cada vez eu tenho mais certeza que não tem quase nada mais perigoso pra se fazer no cinema do que adaptar um best-seller. E, até onde me consta, "A Mulher do Viajante no Tempo" já era mais-ou-menos-isso nos EUA mesmo antes do filme. É aí que entra o talento de alguns e - pra tristeza de alguns fãs de crepúsculocofcof - a idiotice de outros. Pra nossa sorte, Bruce Joel Rubin se encaixa na categoria dos talentosos. O livro de Audrey Niffenegger é quase magnífico (esse quase eu explico depois). E ele tem umas 450 páginas. Mais: não são 450 páginas de descrições e/ou explicações e filosofias. Ele é todo história, todo acontecimentos. Acho que nem se fizessem uma temporada inteira seria possível mantê-lo completo - e, provavelmente, isso seria tedioso. O caminho que Bruce Rubin escolheu foi o mais sábio e possível: ao invés de adaptar toda a história gigante da Niffenegger, ele pegou a essência do amor entre os dois, a ideia, alguns fragmentos dos coadjuvantes e montou outra história - believe me - completamente diferente. Sim, claro, os fatos importantes estão todos lá. Quer dizer, os fatos importantes pro filme estão todos lá. Sempre vai ter um fã xiita (com a licença de uso da expressão do Ghuyer) pra colocar defeito, pra dizer que a cicatriz do Harry Potter ficou muito pra esquerda, mas o que realmente importa é que ganhamos um filme maravilhoso em todos os aspectos.

Duvido que alguém já tenha lido o livro e ainda não tenha assistido ao filme, mas, se esse for o caso, esteja ciente de que todo o universo imaginado por você durante a leitura, todos os bilhões de momentos e de conversas e de beijos e de transas - é, o livro é mais caliente nesse aspecto -, enfim, tudo o que você imaginou durante os sete dias em que lia o romance NÃO VÃO ESTAR LÁ. O filme não é uma gravação do livro, graçasadeus. Eles são diferentes. Muito diferentes. Eles são tão diferentes que, ouso dizer, nem os personagens são os mesmos. Sim, você leu certo. A Clare Abshire do livro não é, definitivamente, a mesma interpretada pela Rachael McAdams. E sabe o que é mais divertido nisso tudo? Eu gostei bem mais da Clare do Bruce Rubin. Muito mais.
Agora, se você se encaixa na categoria das pessoas que já viram o filme e querem ler o livro - mais provável - ficam as mesmas dicas. São histórias diferentes, com personalidades diferentes. A obra de Niffenegger é maravilhosa. Conhecemos através dela a essência de todos aqueles coadjuvantes do filme. Acompanhamos a infância e a adolescência de Henry e todo o amadurecimento do personagem, descobrindo como lidar com sua peculiaridade. Do mesmo modo, somos levados para dentro do núcleo familiar desestabilizado dos DeTamble, com todos os conflitos a la TheOC. Conexões entre alguns personagens, que não foram levadas até o filme, são reveladas aos poucos para o leitor, criando um clima bem tenso. Como eu disse, é outra história, com uma essência parecida. Ah, e a narração do livro é espetacular. Não vou contar mais detalhes pra não estragar a surpresinha, só vou dizer que ela não é exatamente em terceira nem em primeira pessoa.
Lá em cima eu comentei que ele era quase magnífico. Quase porque eu tenho os meus probleminhas com os finais. Esse, então, foi horrível. Fico mil vezes com o final do Bruce. Fico, mil vezes, com a Clare e com o Henry do Bruce.

Desde a sinopse do livro é traçado um paralelo entre Clare e a Penélope, da mitologia grega, a qual espera o retorno de Ulisses na Odisseia. Pode ser falta de romantismo o que me cerca - ou talvez seja o excesso dele pra Sra. Niffenegger -   mas não importa o tamanho da paixão ou a força do amor, nada me faz acreditar que alguém esteja fadado a passar a vida costurando uma colcha durante o dia e descosturando-a à noite, com o único propósito de esperar pelo amado. É um sacrifício lindo e ultra-romântico em nome do amor, esperar a vida inteira por Ulisses, mas eu prefiro ficar com a ideia de que, quando o Ulisses realmente amar Penélope e, principalmente, quando ele for honrado e corajoso o suficiente para ser digno dessa reciprocidade, ele não irá embora. Ele vai escolher ficar com ela. E, se não for possível, se ele realmente tiver de partir, então ele vai desejar sinceramente que ela continue vivendo. Vai desejar que ela não espere eternamente. Porque, eu acho, que quando a gente ama alguém, a gente quer essa pessoa feliz. E, mesmo que Penélope ame-o para sempre, não dá pra ser feliz sentada na sala de estar costurando uma toalha por tanto tempo assim.