domingo, 28 de fevereiro de 2010

Te Amarei Para Sempre

(The Time Traveler's Wife, de Robert Schwentke)


Hoje foi a segunda vez que assisti ao filme. A primeira vez eu vi no cinema - uma das melhores coisas que eu fiz em 2009. Foi um daqueles que eu vi o pôster, li o título (em inglês, não a tradução escrota comercial) e já era o "filme do ano", aquele que eu precisava ir ver no cinema. Criei toda uma expectativa gigante ao redor do que seria e, como toda regra tem uma exceção, não me decepcionei. Pelo contrário, consegui gostar mais do que eu esperava. Gostei tanto, tanto, que me dei o livro de Natal [sim, o filme é baseado na obra homônima de Audrey Niffenegger decentemente traduzida como "A Mulher do Viajante no Tempo"]. Esse foi, aliás, o único livro que eu li antes do vestibular - fora as leituras obrigatórias. Só pra ter uma noção do quanto eu me encantei com o filme. Sendo assim, vou começar por ele.

É a história de um homem, Henry DeTamble (interpretado pelo gostoso talentoso Eric Bana, o irmão heterossexual em "Tróia"), portador de uma rara doença genética que o faz viajar no tempo independentemente de sua vontade. A única coisa constante em sua vida, por assim dizer, é essa garota, Clare Abshire (a Rachael McAdams topa-todos-filmes-lecais), sua esposa, quem fica esperando por ele. "Te Amarei Para Sempre", bem como a tradução deixa implícito, é um romance BEM romântico, mas que, ao mesmo tempo, foge do lugar comum e das mesmas histórias batidas de sempre, surpreendendo e emocionando. Os personagens estão lindos e, o mais importante, estão ótimos. Cada um tem o seu espaço, por menor que seja em questão do tempo, transformando cada cena do filme em um pedaço memorável e indispensável pro conjunto. Não daria pra tirar nenhum momento, não daria pra mudar ninguém que simplesmente destruiria com o equilíbrio-mór da produção. A fotografia, nem se fala. Tem vezes que dá vontade de voar pra dentro do quintal da Clare, e ficar ali, deitada naquele campo imenso. A garota que escolheram para fazer o papel dela jovem é incrível. Ela não é só uma garota fofinha, a pivete vai além, nos mostrando uma Clare cheia de personalidade e inteligência. Perfeita. A trilha sonora também está ótima - ok, acho que a única coisa do filme que não ficou perfeita, mas quase lá. Achei ela tão comunzinha. - O roteiro foi impecavelmente escrito por um cara chamado Bruce Joel Rubin, o qual, vim a descobrir no DeusGoogle, foi o responsável também pelo roteiro de "Ghost".


Agora, falando sobre roteiros, livros e adaptações. Cada vez eu tenho mais certeza que não tem quase nada mais perigoso pra se fazer no cinema do que adaptar um best-seller. E, até onde me consta, "A Mulher do Viajante no Tempo" já era mais-ou-menos-isso nos EUA mesmo antes do filme. É aí que entra o talento de alguns e - pra tristeza de alguns fãs de crepúsculocofcof - a idiotice de outros. Pra nossa sorte, Bruce Joel Rubin se encaixa na categoria dos talentosos. O livro de Audrey Niffenegger é quase magnífico (esse quase eu explico depois). E ele tem umas 450 páginas. Mais: não são 450 páginas de descrições e/ou explicações e filosofias. Ele é todo história, todo acontecimentos. Acho que nem se fizessem uma temporada inteira seria possível mantê-lo completo - e, provavelmente, isso seria tedioso. O caminho que Bruce Rubin escolheu foi o mais sábio e possível: ao invés de adaptar toda a história gigante da Niffenegger, ele pegou a essência do amor entre os dois, a ideia, alguns fragmentos dos coadjuvantes e montou outra história - believe me - completamente diferente. Sim, claro, os fatos importantes estão todos lá. Quer dizer, os fatos importantes pro filme estão todos lá. Sempre vai ter um fã xiita (com a licença de uso da expressão do Ghuyer) pra colocar defeito, pra dizer que a cicatriz do Harry Potter ficou muito pra esquerda, mas o que realmente importa é que ganhamos um filme maravilhoso em todos os aspectos.

Duvido que alguém já tenha lido o livro e ainda não tenha assistido ao filme, mas, se esse for o caso, esteja ciente de que todo o universo imaginado por você durante a leitura, todos os bilhões de momentos e de conversas e de beijos e de transas - é, o livro é mais caliente nesse aspecto -, enfim, tudo o que você imaginou durante os sete dias em que lia o romance NÃO VÃO ESTAR LÁ. O filme não é uma gravação do livro, graçasadeus. Eles são diferentes. Muito diferentes. Eles são tão diferentes que, ouso dizer, nem os personagens são os mesmos. Sim, você leu certo. A Clare Abshire do livro não é, definitivamente, a mesma interpretada pela Rachael McAdams. E sabe o que é mais divertido nisso tudo? Eu gostei bem mais da Clare do Bruce Rubin. Muito mais.
Agora, se você se encaixa na categoria das pessoas que já viram o filme e querem ler o livro - mais provável - ficam as mesmas dicas. São histórias diferentes, com personalidades diferentes. A obra de Niffenegger é maravilhosa. Conhecemos através dela a essência de todos aqueles coadjuvantes do filme. Acompanhamos a infância e a adolescência de Henry e todo o amadurecimento do personagem, descobrindo como lidar com sua peculiaridade. Do mesmo modo, somos levados para dentro do núcleo familiar desestabilizado dos DeTamble, com todos os conflitos a la TheOC. Conexões entre alguns personagens, que não foram levadas até o filme, são reveladas aos poucos para o leitor, criando um clima bem tenso. Como eu disse, é outra história, com uma essência parecida. Ah, e a narração do livro é espetacular. Não vou contar mais detalhes pra não estragar a surpresinha, só vou dizer que ela não é exatamente em terceira nem em primeira pessoa.
Lá em cima eu comentei que ele era quase magnífico. Quase porque eu tenho os meus probleminhas com os finais. Esse, então, foi horrível. Fico mil vezes com o final do Bruce. Fico, mil vezes, com a Clare e com o Henry do Bruce.

Desde a sinopse do livro é traçado um paralelo entre Clare e a Penélope, da mitologia grega, a qual espera o retorno de Ulisses na Odisseia. Pode ser falta de romantismo o que me cerca - ou talvez seja o excesso dele pra Sra. Niffenegger -   mas não importa o tamanho da paixão ou a força do amor, nada me faz acreditar que alguém esteja fadado a passar a vida costurando uma colcha durante o dia e descosturando-a à noite, com o único propósito de esperar pelo amado. É um sacrifício lindo e ultra-romântico em nome do amor, esperar a vida inteira por Ulisses, mas eu prefiro ficar com a ideia de que, quando o Ulisses realmente amar Penélope e, principalmente, quando ele for honrado e corajoso o suficiente para ser digno dessa reciprocidade, ele não irá embora. Ele vai escolher ficar com ela. E, se não for possível, se ele realmente tiver de partir, então ele vai desejar sinceramente que ela continue vivendo. Vai desejar que ela não espere eternamente. Porque, eu acho, que quando a gente ama alguém, a gente quer essa pessoa feliz. E, mesmo que Penélope ame-o para sempre, não dá pra ser feliz sentada na sala de estar costurando uma toalha por tanto tempo assim.

2 comentários:

Felipe Ullmann disse...

Bah só deixo o meu blog no chinelo! O_O
sduhsaushaushaushaushausa
bem bonito =)

Hey, eu não achei a comunidade no orkut
se tiver por lá
procura Felipe Trentini que o primeiro vai ser eu =)

bjo

Guilherme Huyer 2 disse...

Amei esse filme também. E me encaixo na categoria daqueles que viram o filme e querem ler o livro - bom avisar que são tão diferentes assim!
E eu fico agradecido de novo pela menção a mim, mas agora é minha vez fazer um reconhecimento. 'Fã xiita' não exatamente uma expressão minha. Para o uso nesse sentido do cinema pode ser, mas se a memória não me falha, eu vi alguém usar 'fã xiita' antes de mim.. mas não lembro quem!