sábado, 6 de fevereiro de 2010

Invictus

(de Clint Eastwood)
"Invictus" é um baita filme e, por isso, tem tudo aquilo que um filme tem que ter pra ser um um baita filme: tem uma história grandiosa, bons -e famosos- atores, um diretor prestigiado, ação, cenas ÓÓÓ, câmera lenta e diálogos que soem como imponentes. A história, à primeira vista, tem um quê de política; tem um Nelson Mandela recém eleito presidente, uma África do Sul pós-apartheid, um time de futebol (er... rugby) com apenas um jogador negro, e uma população cheia de contrastes e dilemas. Acontece que "Invictus" não é um filme sobre política. Na verdade, toda essa conjuntura serve apenas de pano de fundo para que o centro do filme seja... rugby. Nada contra os fãs dessa modalidade (de filme, não do esporte), mas é meio triste que uma ideia tão boa e, sim, inovadora tenha sido desperdiçada assim, como cenário para um jogo de futebol.
Mandela foi um homem admirável, um líder incontestável e seria muito, muito bom que algumas de suas lições fossem relembradas na atual situação "mundial" em que vivemos. Infelizmente, toda a sabedoria e todas as coisas importantes e relevantes que poderiam ter sido usadas foram esquecidas, passam quase imperceptíveis diante dos 7 minutos decisivos da partida de rugby. A parte "nova" e "diferente" dessa história se resume a uma das falas de François (interpretado por Matt Damon), quando ele diz algo como: "não entendo como um homem pode passar 30 anos em uma prisão e sair de lá pronto para perdoar quem o pôs lá dentro". E depois dessa rápida pausa para filosofia e pensamento, retornamos ao campo com os camisas verde e ouro para [mais] uma semi-final.
Aí vai vir um que diz "ah, mas essa era a proposta do filme... filme de esporte é assim". Ok. Filme de esporte é assim. E acho que eu sou assim também, com muita esperança e muitas apostas. Eu jamais iria ao cinema ver um filme de esporte. Mas aí tem o Morgan Freeman - o maravilhoso Morgan Freeman interpretando um maravilhoso ícone político - e tem o Clint Eastwood e toda a genialidade dele como diretor e, logo em seguida, tem todo o meu arrependimento de não ter visto "Menina de Ouro" no cinema - afinal de contas, "Menina de Ouro" era para ser um filme de BOX! BOX! Quando que a Lucy iria ao cinema ver um filme de ... BOX?! - e depois de duas horas o que resta é a imensa decepção, o entendimento do porquê "Invictus" não foi indicado a nenhum dos 2 principais Oscares e a tristeza de ver uma história que tinha tudo pra dar certo cair no clichê Sessão da Tarde de dramalhões-com-algum-tipo-de-esporte-com-time-ruim-que-surpreendem-a-todos-e-vencem-no-final. Ops.

"Invictus" foi indicado para o Oscar nas categorias: Melhor Ator (Morgan Freeman) e Melhor Ator Coadjuvante (Matt Damon).

obs: tá, vamlá gente, o filme não é tão ruim e desastroso que nem eu pintei. xD Ele até é bem bom/emocionante/divertido. Só não se deixem iludir. E, se possível, assistam em um daqueles dias que a entrada não é tããão cara.

2 comentários:

Dduplo disse...

Aprecio blogs que fornecem a atenção devida a filmes, ainda não assisti esse.

Guilherme Huyer 2 disse...

Dramalhão não né? Invictus é praticamente uma comédia - e acho que essa era a intenção. Achei o filme bem mediano, descompromissado e leve, quase bobo em alguns momentos. Mas é elevado a um nível superior graças à atuação do mestre Morgan Freeman. Mas realmente, no final, Invictus é apenas uma reprise da Copa do Mundo de Rugby de 1995.