terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Diário de uma Paixão


Eu já tinha ouvido falar de The Notebook antes. Aliás, várias vezes antes. Sempre foi um daqueles filmes que eu paquerava na prateleira da locadora. Ou que as pessoas comentavam o quanto tinham gostado de ver e como eu iria adorar. Ou faziam aquela expressão de surpresa e diziam: "mas coooomo tu ainda não viu?". Pois é.
A história é baseada no livro de Nicholas Sparks - que eu já comentei por aqui. É dele o amável Dear John. Foi depois de terminar de lê-lo que fiquei com vontade de ver todos os filmes e ler todos os livros que tivessem qualquer coisa a ver com ele. Essa ambição toda diminui em alguns dias, mas a vontade de ver The Notebook cresceu e voilà.

"If you are a bird, then I am a bird."

É uma coleção de muitas cenas lindas. Rachael McAdams encarna Allie, essa garota intensa, sorridente e brincalhona. Enquanto o misterioso Ryan Gosling é Noah, um jovem aventureiro, apaixonado e... cheio de surpresas. Os dois formam um daqueles casais fofos, que todas nós - adolescentes de 17 anos que cresceram ouvindo histórias como "A Dama e o Vagabundo" - simplesmente adoramos.
Problemas de continuidade à parte, The Notebook encanta pela história de amor previsível e cheia de clichês - e, principalmente, pelo fato de algo assim ainda nos emocionar tanto a ponto de doer no peito e fazer água salgada escorrer pelas bochechas.
Quem ainda não viu, vá ver preparado. Saiba que não é um daqueles filmes que mudam a nossa vida ou que são essenciais. Mas que é uma história linda, com personagens cativantes e, que se você estiver aberto, pode ser um bom acompanhamento pra uma segunda-feira de noite.

O FILME
título original: The Notebook
diretor: Nick Cassavetes
ano: 2004
país: EUA
roteiro de: Jeremy Leven, Jan Sardi

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Flipped: O Primeiro Amor


Eu tenho essa tendência a super-estimar filmes água-com-açúcar, que contem histórias de amor bonitinhas e com finais felizes. Mas às vezes é difícil até pra mim.
Flipped é mais um filme com crianças que fala sobre a sociedade americana, sua estrutura familiar e as relações humanas. Tudo isso narrado em primeira(s) pessoa(s) pelos protagonistas, em um estilo de "vamos reconstruir cada sequência de cenas de acordo com o ponto de vista dos personagens principais, preenchendo qualquer momento de silêncio com seus pensamentos". Essa ideia, na primeira cena, parece ser divertida e bem bolada. Causa-se um contraste engraçado entre as personalidades das crianças e as diferenças de personalidade entre meninas e meninos de seus 7 anos de idade. Com o passar do filme as crianças viram adolescentes, o truque narrativo perde a graça e os estereótipos familiares ficam mais e mais forçados a cada diálogo.
Não vale a pena pagar para assisti-lo: seja em dinheiro ou em tempo de download. Agora, quando ele estiver passando em alguma Sessão da Tarde e for primavera e os jardins estiverem floridos e você estiver de bom humor, bom, aí vale a pena dar uma espiadinha. hehe /trocadilho global fail

O FILME
título original: Flipped
diretor: Rob Reiner
ano: 2010
país: EUA
roteiro de: Rob Reiner e Andrew Scheinman

Abutres



O Segredo dos Seus Olhos , o outro filme que eu vi com o Ricardo Darín, foi um daqueles filmes ótimos. Ele foi lindo, instigante e surpreendente. A história era boa, os personagens apaixonantes e a fotografia tremendamente bonita. Por isso eu fiquei com tanta vontade de ver Abutres. Uma comparação ingênua e infeliz da minha parte. São filmes que não tem absolutamente nada a ver um com o outro - e eu já deveria saber disso.
Achei Abutres um filme chato. Comecei a me remexer na cadeira lá pelos 45 minutos. E daí pra frente minha angustia em terminar logo e ir embora só fez aumentar. Aí, quando subiu os créditos, fiquei aliviada e fui direto pra fora da sala, onde ouvi uma outra garota falando algo como: "É, muito filme pra pouca história". E pronto: achei a definição dela perfeita.
Claro que talvez - bem provavelmente, na real - seja falta de sensibilidade e bom gosto da minha pessoa. O filme deve ser muito bom, com uma qualidade técnica e linguística requintada, atuações como pouco se vê hoje em dia e blablabla. Eu achei chato. E demorei séculos pra entender o que exatamente o personagem de Darín fazia. /idiota mode on.
Fica aí uma questão de gosto - que a gente até pode discutir ;)



O FILME
título original: Carancho
diretor: Pavblo Trapero
ano: 2010
país: Argentina, Chile, França, Coréia do Sul
roteiro de: Alejandro Fadel, Martín Mauregui, Santiago Mitre e Pablo Trapero

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

The Edukators

os seus dias de fartura estão contados

Eu confesso que nunca assisti muitos filmes alemães. Pra falar a verdade, dá pra contar nos dedos quantos eu já vi. Nos dedos de uma mão só. O mais curioso - e só percebi isso nesse exato momento - é que dos 4 filmes de origem germânica que eu vi, acho que nenhum dos 4 é menos do que ótimo. Ouso dizer mais: acho que nenhum dos 4 é menos que cinco pipocas.
A Onda,  A Fita Branca e Corra, Lola, Corra. E agora The Edukators.
Dos problemas de distribuição cinematográficas no nosso país todo mundo está ciente (ou não. whatever) . O curioso é que essa questão (de que nenhum filme que não seja americano chegue às nossas telas e prateleiras) tem um lado positivo. Os filmes "estrangeiros" que chegam são sempre muito, muito bons. Como nenhum país no resto do mundo tem cacife pra bancar uma produção nos padrões técnicos de Hollywood, bom, é aquela coisa né "quem não tem cão, caça com gato". É assim que nos deparamos com produções gravadas em vídeo, com uma câmera na mão meio marginal, uma imagem meio bagunçada e histórias que transbordam veracidade, beleza e qualidade - por exemplo, The Edukators.
O filme começa com imagens de uma câmera de segurança. Ou de várias. E com um rock'n'roll digno de respeito /aliás, os alemães têm um gosto musical muito bom, fikdik/. Com uma história mais original que as histórias inglesas e com um ritmo bem mais "digerível" do que os franceses, The Edukators é uma daquelas obras primas importadas de Cannes que precisam ser vistas. E com uma história de amor (seria de amor?). Mas com um "romance" que, dessa vez, passa longe de ser meigo e fofo. Com um romance cru, sem aquela manta de açúcar derretido que a gente encobre todos os romances, pra que seus personagens pareçam um pouco mais perfeitos. Em The Edukators os personagens não são nem cozidos - quanto mais cobertos com calda de caramelo. 
Jan, Jule e Peter são jovens que não se conformaram com o jeito como o mundo funciona - cada um ao seu modo. O trabalho do diretor, Hans Weingartner, e do outro roteirista é brilhante. O perigo aqui era o de deixar os personagens cairem nos velhos estereótipos. O "jovem revoltado e culto", ou a "garota porra-louca que não sabe direito o que faz" ou o "playboy que paga de marginal". Felizmente, isso não acontece. O modo como Jan está presente na tela, alguma coisa no ator que eu não sei identificar, faz com que seu personagem seja crível o tempo todo. Os seus discursos de esquerda se diluem e antes que a gente se dê conta já é contagiado por aquele ar de líder e quase nos tornamos espectadores-pregadores de seus ideais. Peter, que poderia ter virado o personagem "chato", sai de cena na hora certa - e volta na hora mais certa ainda. E Jule, minha preferida (por que será?), consegue ser perfeita em todos os seus defeitos e erros. E uma personagem que, em qualquer outro momento, se tornaria odiada e fuzilada com tomates pela platéia, acaba sendo... compreendida.
Em um século em que os bons filmes raramente são construídos assim por causa de boas histórias, The Edukators é um baú cheio de moedas de ouro encontrado no fundo do quintal. Um quintal que fica do outro lado do oceano, mas que tem sido canteiro de ótimos arbustos. hehe. =)

O FILME
título original: Die fetten Jahre sind vorbei
diretor: Hans Weingartner
ano: 2004
país: Alemanha, Austria
roteiro de: Katharina Held, Hans Weingartner

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Dear John [Soundtrack]

O bom dessas comédias românticas adolescentes é que suas trilhas sonoras sempre vêm recheadas de boas músicas, com letras lindinhas e melodias viciantes. Apesar de Dear John não ser uma comédia romântica nem um filme "teen", sua trilha sonora é tão encantadora como se fosse.
E, em alguns momentos, além de encantadora - incrivelmente surpreendente.

O álbum já começa bem por cima, com "Paperweight": ela é toda melodia, beleza e poesia. Perfeitamente linda - na falta de adjetivo melhor. E perfeitamente moldada pro filme, pra história de John e Savannah, e pra qualquer um que esteja apaixonado.
Logo na track 2, "The Moon", já aparece a nossa primeira surpresa (ou pelo menos a minha). The Swell Season. Ok, pelo nome é bem provável que você não conhece. Talvez alguém se lembre do Oscar de 2007 quando, surpreendendo quase todo mundo, uma dupla de irlandeses meio desconhecidas levou o prêmio de "Melhor Canção Original". Falling Slowly foi composta para Once, um filme fora do comum, com uma fotografia meio documental, que conta a magnífica história de uma garota cujo aspirador de pó está quebrado e de um garoto que toca violão nas ruas da Irlanda. Essa garota (Markéta Irglová) e esse garoto (Glen Hansard) são os atores do filme e os compositores de toda a trilha sonora. Aí, no ano seguinte, os dois formaram uma banda-de-dois: The Swell Season. Daí a minha ótima surpresa ao ouvir o refrão da canção e perceber do que se tratava.
As baladas continuam ótimas, alternando uma batida mais agitada com outra mais down. Bem como é o filme, alternando as idas e vindas de John. Até a faixa 6.
Eaí tem a voz fininha da Amanda Seyfried, toda meiga, mais do que apenas cantando como Amanda Seyfried - sendo, naquele momento, uma Savannah apaixonada, prometendo que vai ficar ali pra sempre e pedindo pra que John não vá embora.
As músicas, a partir daí, carregam sempre uma pontinha mais forte de melancolia e tristeza. Temos os meio desconhecidos Fink, Rosi Golan e Deborah Lurie - com a música instrumental tema do filme. E temos minha surpresa número 3 . Que é também minha faixa favorita.

"Dear love all i ask is that you hold on"


FAIXAS
01. Schuyler Fisk and Joshua Radin - Paperweight
02. The Swell Season - The Moon
03. 311 - Amber
04. The Donkeys - Excelsior Lady
05. Wailing Souls - Things & Time
06. Amanda Seyfried - Little House
07. Fink - This Is The Thing
08. Rosi Golan - Think Of Me
09. Rachael Yamagata & Dan Wilson - You Take My Troubles Away
10. Deborah Lurie - Dear John Theme

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Não me abandone jamais





"baby, baby... never let me go"


Existem livros bons. Livros ruins. Livros ótimos, livros bem-escritos. Mal-escritos. Obras-primas. Livros famosos e livros "de polpa". Best-sellers e aqueles que só a família do escritor lê. Tem também aqueles que nem a família do escritor lê. Tem os fenômenos. E aqueles que a crítica descem o pau. Tem os livros que a gente empurra página por página goela abaixo, não vendo a hora de chegar no fim. E aqueles que a gente devora. Tem livros que mudam as pessoas e outros completamente esquecíveis.
E tem aqueles livros, raros livros, que parecem feitos pra gente.

Então não importa a opinião da crítica ou o quão tecnicamente aperfeiçoados eles são. Na verdade, não importa nada disso aí de cima. Tudo é irrelevante, a não ser aquela relação de cumplicidade que se desenvolve entre leitor e leitura durante as horas compartilhadas juntos.
Eu sei que é meio piegas falar assim, mas eu não conseguiria descrever de outro jeito Não me abandone jamais. Claro, essa é uma descrição muito pessoal. Talvez até demais. Mas quando esse tipo de laço se desenvolve com uma obra é impossível falar sobre ela como quem analisa de fora. Eu ousaria dizer que é até um desperdício querer analisar, por exemplo, a estrutura narrativa, o quão crível são os personagens, os pontos de virada e os truques estéticos. Às vezes acontece de uma história nos afetar além do racional ou da superfície emocional provocadora de lágrimas, ela nos atinge em algum lugar meio desconhecido e, de repente, é como se ela fosse parte de nós mesmos. E só dá vontade de ler, ler e ler, de imergir completamente pra dentro desse novo universo, de ser parte do livro. Dá vontade de ler rápido e chegar logo ao final e, ao mesmo tempo, dá vontade de que a história nunca realmente acabe.

Eu acho que é isso que os professores querem dizer quando mencionam "a magia da leitura". Ou não. Mas pelo menos, pra mim - que não sou professora - é isso que significa. Essa é a magia. Essa sensação de ter encontrado um refúgio que é só teu e, ao mesmo tempo, uma companhia cheia de personagens e de vida. Essa coisa de apoderar-se da história e de repente ela é a sua história favorita e ai de quem falar mal do livro, ou dizer que não gostou! Dói como se a pessoa tivesse ofendido a nós mesmos. "Sério que tu gostou desse livro? Eu achei uma porcaria!" é quase como um "Pelo amor de deus, Fulaninha. O que diabos tu fez na cara? Tá parecendo uma ogra assassina".

E foi isso que "Não me abandone jamais", depois de 18hs lendo sem parar, se tornou pra mim. Uma extensão, um pedacinho de mim mesma escrita em 344 páginas. Talvez, eu diria, um pedacinho muito melhor e mais lindo que qualquer outro. O meu melhor.

"Ruth, por falar nisso, foi apenas a terceira ou quarta doadora que pude escolher. Já havia uma cuidadora designada para ela, na época, e lembro-me que foi preciso uma certa dose de coragem de minha parte. Mas no fim dei um jeito, e assim que a vi de novo, naquele centro de recuperação de Dover, nossas diferenças - ainda que não tivessem exatamente sumido do mapa - não me pareceram nem de longe tão importantes quanto tudo o mais: o fato de termos crescido juntas em Hailsham, o sabermos e nos lembrarmos de coisas que ninguém mais sabia ou das quais ninguém mais se lembrava. Foi dessa época em diante, imagino, que comecei a buscar nos doadores pessoas conhecidas no passado e, sempre que possível, de Hailsham.
Houve épocas, no decorrer desses anos todos, em que tentei esquecer Hailsham e me convencer de que não seria bom ficar olhando tanto para trás. Porém num determinado momento simplesmente parei de resistir. E isso teve a ver com um doador em particular, de quem tomei conta certa feita, no meu terceiro ano como cuidadora; com a reação dele quando comentei que era de Hailsham. Ele tinha acabado de sair da terceira doação, que não dera muito certo, e já devia saber que não iria se safar. Embora mal conseguisse respirar, me olhou e disse: "Hailsham. Aposto como era um lugar lindo". Na manhã seguinte, batendo um papinho na tentativa de distraí-lo daquilo tudo, perguntei de onde ele era; o doador mencionou algum lugar em Dorset e sua expressão, por baixo da pele manchada, passou a um tipo bem diferente de esgar. Foi então que caí em mim e percebi a vontade imensa que ele tinha de não se lembrar de nada. Tudo o que ele queria era que eu falasse de Hailsham.
Portanto, durante os cinco ou seis dias que se seguiram, contei-lhe tudo o que ele quis saber, enquanto, do leito, ele me ouvia fascinado, com um leve sorriso nos lábios. Falei dos nossos guardiões, das caixas com as coleções que eram guardadas debaixo da cama, do futebol, das partidas de rounders, do caminho estreito que contornava todos os cantos e recantos externos do casarão, do lago com os marrecos, da comida, da vista que tínhamos das janelas da Sala de Arte pela manhã, com os campos cobertos de bruma. Às vezes ele me fazia repetir vezes sem conta a mesma coisa; algo que eu mencionara no dia anterior voltava a ser alvo de perguntas, como se ele nunca tivesse escutado uma única palavra sobre o assunto. "Vocês tinham um pavilhão de esportes?" "Quem era seu guardião predileto?" De início, pensei que fosse apenas efeito dos remédios, mas depois me dei conta de que ele estava bem lúcido. Mais do que ouvir falar de Hailsham, ele queria se lembrar de Hailsham como se Hailsham tivesse pertencido a sua própria infância. Sabia que estava perto de concluir, de modo que me fazia descrever as coisas de forma que elas penetrassem de fato em sua lembrança. A intenção dele, talvez- durante as noites insones devido aos remédios, à dor e à exaustão -, era tornar indistintos os contornos que separavam as minhas memórias das suas. Só então compreendi, compreendi de fato, quanta sorte tivéramos - Tommy, Ruth, eu, na verdade todos nós."

título: Não me abandone jamais [Never let me go]
escritor: Kazuo Ishiguro
tradução: Beth Vieira
editora: Companhia das Letras
páginas: 344
ano: 2005

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

TOP 5 de 2010

Levemente atrasados aqui, admito, mas vamlá. Um breve TOP 5 dos filmes de 2010. Ou não. Compreendam isso mais como uma "rememoração" dos poucos filmes que eu assisti ano passado - mas que, felizmente, foram mais do que em 2009.



os meus melhores 5 filmes vistos no cinema em 2010
1º: A Origem [Inception], de Cristopher Nolan
porque apesar de qualquer probleminha de roteiro ou das más línguas dizendo que é só mais uma cópia de Matrix, eu saí da sala de cinema com apenas um pensamento: esse é o filme mais foda que eu já vi. e essa sensação - mesmo que momentânea - vale mais que qualquer perfeição técnica e artística.

2º: Avatar, de James Cameron
ok, eu concordo: o certo seria ele estar na lista de 2009. mas eu só vi em 2010, anyway. e foi um dos filmes mais mágicos e que mais mexeu comigo - a constar, por motivos pessoais (como tudo nesse blog, pra quem ainda não percebeu).

3º: Toy Story 3, de Lee Unkrich
parte final do filme que eu acredito tenha sido o primeiro que eu vi. de todos. e é lindo demais. não podia ficar de fora.

4º: Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo
foi o filme mais 2009 que eu vi em 2010. :`)

 A Rede Social [The Social Network], de David Fincher
"o filme sobre o facebook". divertido, dinâmico e levemente genial.
obs: não confundir David FINCHER com David LYNCH,ok. 

menção honrosa
- A Fita Branca [Das Weisse Band], de Michael Haneke
lindo e perturbador.

os 5 queridinhos nacionais
- Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo
sim, de novo. hehe.

- Os Famosos e os Duendes da Morte, de Esmir Filho
um dos filmes mais belos que eu já vi. se tratando em cinema nacional ou não.

- Morro do Céu, de Gustavo Spolidoro
filme divertido, encantador, bonito e com adolescentes. adoro :)

- Elvis & Madona, de Marcelo Laffitte
comédia romântica brasileira divertida, encantadora e bonita. também adoro :)

- Reflexões de um Liquidificador, de André Klotzel
Selton Mello é um liquidificador assassino. sem mais.

menção honrosa
- Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Karim Ainouz e Marcelo Gomes
não é um filme sobre o qual eu poderia escrever algo. palavras não são suficientes. tem de se ver. e enxergar.

os meus melhores 5 filmes não vistos no cinema em 2010
1º: Na Natureza Selvagem [Into the Wild], de Sean Penn
"I will always be better than before"

2º: Encontro Marcado [Meet Joe Black], de Martin Brest
histórias de amor assim sempre me conquistam, não adianta.

3º: Dogville, de Lars Von Trier
sabe quando um filme te atinge tanto que dói no estômago? pois é.

4º: Coraline e o Mundo Secreto [Coraline], de Henry Selick
acho que é o filme mais lindo que eu vi em 2010.

5º: Elefante [Elephant], de Gus Van Saint
um diretor que eu fiquei muito feliz de ter descoberto esse ano.

as 5 piores enrascadas de 2010
1º: A Sétima Alma [My Soul to Take], de Wes Craven
eu sei que eu prometi pros envolvidos manter isso em sigilo, mas puta que pariu. filme bosta. e, como se não bastasse, eu vi no cinema. inteiro. por mais de uma hora e meia. é. /vergonha.

2º: Em Teu Nome, de Paulo Nascimento
filme ruim é filme ruim. ponto.

3º: Ex-Isto, de Cao Guimarães
foi o dinheiro mais mal gasto ever. eu ganharia muito mais se tivesse gastado todo ele no mc donald's. fato.

4º: A Centopeia Humana [The Human Centipede: First Sequence], de Tom Six
eu não precisava disso na minha vida.

5º: Anticristo [Antichrist], de Lars Von Trier
desculpa, sou intelectualmente inferior, não li Nietzsche e, com certeza, não entendi o filme. mas tenho certeza que, pra quem entendeu, ele deve ser genial e uma verdadeira obra de arte. eu, particularmente, não precisava disso na minha vida [2]

domingo, 2 de janeiro de 2011

Querido John



Dear John foi lançado em abril de 2010 - ou seja, há quase um ano. Vocês sabem aquele tipo de filme que a gente simplesmente se apaixona só de saber o título? De ler a sinopse? Ou de ver o trailer? E então cria todo o tipo de expectativa em cima dele? Pois é, Dear John foi exatamente esse tipo de filme pra mim em abril do ano passado (feliz 2011, folks). Fiquei sabendo a premissa dele no sempre ótimo Miolão e, admito, foi "love at first sight". Simples assim: se tornou meu filme favorito antes mesmo de ter sido lançado. E eu simplesmente ainda não sei por que só fui assisti-lo pela primeira vez hoje, dia 2 de janeiro de 2011, mais de meio ano depois de ter "caído" pela história de Savannah e John.
Foi um daqueles descaminhos que acontecem: o filme entra em cartaz, você está morrendo de vontade de ir ver, acaba bobeando e quando percebe - puf! - já saiu dos cinemas e perdeu-se a vez. Aí saiu em DVD, saiu na internet, mas eu nem vi. Passou. Até que eu comprei o livro do Nicholas Sparks e comecei a ler e terminei de ler menos de cinco dias depois - coisa rara pra mim em 2010.
Falando a verdade, a história de Dear John (o livro) não é, nem de longe, a melhor e mais bem escrita história do universo literário. Ela é simples, com um vocabulário cotidiano e nem um pouco rebuscado, com frases diretas e fáceis - tão fáceis que eu, uma mera turista do inglês, consegui ler e compreender ele muito bem no seu idioma original. A história de Sparks é assim: fácil. E talvez esse seja seu maior encanto. 
Acompanhamos o relato de John Tyree página por página, tudo numa primeira pessoa verdadeira e sem receios de julgar a si mesmo e aos outros personagens. Nos apaixonamos, junto com ele, por uma garota do interior, que vai à igreja nos domingos e não fala palavrão: Savannah Curtis. Sentimos raiva, alegria e tristeza. Então, antes mesmo que tomemos consciência, estamos devorando cada linha, querendo pular detalhes de descrição, chegar logo ao próximo encontro, à próxima ação, à próxima carta. E uma história com pontos de virada previsíveis e personagens que tinha tudo para cair no melodrama água-com-açúcar acaba nos (me) pegando de jeito e antes que dê pra evitar estamos sentados no meio da praia com os olhos cheios de lágrima.
Aliás, esqueci de comentar a premissa  (logo, ninguém deve ter entendido nada do que eu escrevi até esse ponto,masokay). É mais ou menos assim: John é um soldado norte-americano que em um dos seus momentos de "folga" - duas semanas em casa - conhece Savannah, uma garota loira, do interior, que faz trabalho voluntário e estuda para ser médica de crianças com autismo. E eu não vou falar mais do que isso, se não estragaria a história aos pouquinhos. Aqui está outro ponto tão encantador de Dear John: o modo como vamos conhecendo John e Savannah aos pouquinhos, enquanto eles mesmos se conhecem. 
Nicholas Sparks é o cara cujos livros nas prateleiras das livrarias ficam do lado dos livros da Nora Roberts e que já escreveu várias histórias românticas, algumas, inclusive, deram origem a filmes aclamados pelo público desse... "gênero" (na falta de palavra melhor). São eles o bem fraquinho e com péssimas atuações A Walk to Remember  (Um Amor para Recordar) e o que todos dizem maravilhoso, mas que eu vergonhosamente ainda não assisti The Notebook (Diário de uma Paixão).
Então, o que aconteceu foi que eu passei de um filme que eu queria muito, muito mesmo ver, para um livro que eu queria muito ler e, depois de ter lido, para um filme que eu PRECISAVA ver. Só que eu estava na praia. Sem conexão para download. No feriado de ano-novo. Sem vídeo-locadora. E sem loja de DVDs. Aí eu fiz uma coisa horrível e espero que nenhum oficial de justiça acompanhe meu blog: eu, quase-futura-cineasta, comprei um DVD pirata. Que NÃO FUNCIONOU NO DVD. Sério, foi um dos momentos mais frustrantes de 2010. Porque, sabe, eu REALMENTE queria ver aquele filme. Aí eu fui lá reclamar para minha vendedora: "oi, tia. tudo bom? a senhora me vendeu um dvd que não funciona". E troquei por outra cópia. Que... adivinhem? Claro, também não funcionou. Aí eu joguei o disco na lixeira e fui beber espumante. Fim :)
A primeira coisa que fiz hoje quando cheguei em Porto Alegre foi correr pro shopping, esperar a livraria abrir e gastar meu dinheiro comprando o DVD - dessa vez original - do filme. Porque eu já sabia que ia ser um dos meus filmes favoritos, daqueles que eu gostaria de ver de novo e de novo.

Vamos a mais complicada parte de avaliar um filme que é baseado num livro. Eu acho chato tocar nesse assunto, bem como inevitável. Portanto, vamos ser diretos: um livro é um livro, um filme é um filme. Qualquer um que anseia encontrar nas telas exatamente a mesma emoção e "imagens" que encontrou no livro está sendo um babaca. Vamos ao que de fato interessa: Dear John não é um grande filme - do mesmo modo como não é um grande livro - mas é simples, fácil e verdadeiro. E, por ser assim e por contar uma história de amor linda que gira em torno de um dos meus temas prediletos (ver Complexo de Penélope), eu não consegui escapar de me sentir encantada e presa pelo romance de John e Savannah.


a partir daqui spoilers - só recomendo para quem já viu ou já leu.
Lasse e Linden (o diretor e o roteirista) fizeram um trabalho ótimo em termos de adaptação. Eu adoro quando alguém pega a essência de uma história e simplesmente re-escreve ela, de um jeito que caiba aonde tem que caber. Alguns personagens são omitidos do livro de Sparks - por exemplo, a ex-namorada de John, a vizinha, o melhor amigo. Outros são modificados - Tim e seu "filho" Alan, por exemplo. E, voilà, a história já é outra. As motivações, em certos pontos, são outras. Mas a essência se mantém: a questão da paixão e do quão forte ela pode ser, o que é realmente amar alguém, o relacionamento entre pai e filho, a importância da amizade, do companheirismo, do orgulho e da vergonha dentro de um ambiente de trabalho em equipe. Esses são alguns pontos que estão no esqueleto da história. O resto é o recheio e o tempero que, felizmente, mudam na hora de transformar essa história em filme.
Daquilo que faltou - e acredito quase sempre falta na hora de adaptar livros - foi tempo. Acho que é inevitável: como eu mesma sempre repito é fisicamente impossível comprimir 300 páginas em uma hora e meia de filme. Ou em duas horas. Ou em duas horas e meia. Sempre vai faltar tempo. Ou ritmo (o que, no fim das contas, dá na mesma). Faltou tempo pra aprofundar mais as relações paralelas, para entender John e o pai dele, para entender Savannah e Alan e Tim. Mas aí, eu diria, se isso tivesse acontecido no filme, não seria mais aquela história de amor à la Odisseia, e a Savannah Penélope e o John Ulisses se perderiam em meio a conflitos e sentimentos que, bem ou mal, cabem muito melhor nas palavras e nas 300 páginas do que em duas horas dispersas.
-- fim do spoiler --

O filme ficou lindo. Ficou fechado - como eu gosto que os filmes sejam. A trama é circular e tudo contribui - cada cena, cada fala, cada personagem - para contar uma história maior, que gira em harmonia e que, passando por cima de qualquer imperfeição técnica ou de enredo, consegue ser verdadeira e te fazer sentir. O que, visto a escassez cada vez maior de filmes que nos fazem sentir alguma coisa, eu acho extremamente digno. (E para os mais resistentes aos romances, eu tenho um amigo que tem uma regra: ele nunca assiste a um filme que tenha "amor" no título. Bom, enxerguem aí uma oportunidade, folks).


O FILME
título original: Dear John
diretor: Lasse Hallström    
ano: 2010
país: EUA
roteiro de: Jamie Linden
etc: baseado no romance Dear John, de Nicholas Sparks.


O LIVRO
título: Dear John
escritor: Nicholas Sparks
editora: Hachette Book Group
páginas: 335
ano: 2006